Filha é morta pelo pai em casa

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Uma tragédia em família chocou moradores do Leblon. Empregada doméstica de apartamento em edifício na Rua Conde Bernadote encontrou Paula Martins Ribeiro, de 30 anos, morta com um tiro na cabeça e o pai da vítima, Paulo da Silva Ribeiro, 60, baleado na barriga.

No Hospital Miguel Couto, no mesmo bairro, Paulo afirmou que cometeu o crime e depois tentou cometer suicídio. “Foi premeditado. Matei enquanto ela dormia”, disse ele, que foi preso. O motivo: seu sofrimento por ver o envolvimento da filha com as drogas.

O crime teria ocorrido na noite de sábado, mas só foi descoberto ontem de manhã, quando a empregada chegou ao apartamento 1.305 do Edifício Palace de L’Etoide para trabalhar. Ela encontrou Paulo — que é contador aposentado da antiga Telerj e atual funcionário da Petrobras — caído no chão da cozinha. Ele estava baleado, com um corte profundo na mão direita e dopado por antidepressivos, ao lado de um revólver calibre 38. Paula foi achada morta sobre a cama de um dos quartos da residência.

Com a bala alojada atrás da coluna, o contador foi levado para o Hospital Miguel Couto. Lá, depois de ser socorrido, enquanto aguardava, na sala de polícia, para ser conduzido à 14ª DP (Leblon), Paulo afirmou que a tragédia em família vinha sendo anunciada há dois anos, quando sua mulher se matou com um tiro na cabeça, porque não suportava mais ver a filha se destruindo com as drogas.

“Não agüentava mais ser maltratado por minha filha. Ela me matou há dois anos, quando matou a mãe, e agora faltava me enterrar. Tinha duas faculdades e não trabalhava. Só me explorava com as faturas cada vez mais altas de cartão de crédito. Passava as noites pela rua, chegando bêbada e drogada em casa. E o pior que era eu quem pagava”, disse o contador, sentado em cadeira de rodas.

Na delegacia, Paulo declarou, porém, que não lembrava direito como o crime aconteceu. Acompanhado de um advogado e de um assistente social da Petrobras, foi autuado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e encaminhado a exames de corpo de delito.

A polícia investiga se pai e filha brigaram antes do crime. Os investigadores querem saber se o tiro que feriu Paulo na barriga foi disparado pela filha. O revólver 38 tem registro em nome do contador. Laudo de peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) ficará pronto em 15 dias. Só depois do resultado, a polícia poderá concluir se houve ou não premeditação do crime.

‘O monstro são as drogas’

Paulo contou que passou a tomar antidepressivos após a morte de sua mulher. O contador disse ainda que ele e sua mulher fizeram de tudo para ajudar a filha na luta contra as drogas. “Hoje posso parecer um monstro, mas o verdadeiro monstro são as drogas. Elas venceram. Perdi minha mulher, minha dignidade e minha liberdade. Agora não é hora de falar. Existem outras coisas também, mas meu advogado me orientou a não falar muito. Um dia as pessoas vão entender”, declarou ele, no Hospital Miguel Couto.

Enquanto esperava para ser conduzido para a 14ª DP, o contador segurava os exames de raio X que mostravam a bala alojada atrás da sua coluna. Aparentemente grogue devido aos antidepressivos que tomou, Paulo declarou que não estava arrependido. “Não tenho arrependimento. Não era mais possível levar aquela vida. A pessoa que morreu não era a minha filha. Era uma outra mulher”, lamentou.

De acordo com vizinhos, pai e filha moravam no apartamento da Rua Conde Bernadote há cerca de três meses. Antes, viviam no Méier, Zona Norte do Rio. Paulo teria resolvido se mudar para o Leblon para tentar começar uma vida nova.

Os vizinhos ficaram chocados. “Conhecia pouco os dois. Era só ele e a filha. Eles pareciam não se entender muito bem, mas ninguém imagina que um pai pode matar a filha dessa maneira”, comentou um dos porteiros do edifício. “Isso é monstruoso. É uma tragédia. Também tenho uma filha da mesma idade e, independente do motivo, não se pode aceitar que um pai mate a própria filha”, indignou-se a professora Ederice Frota Faria, 60 anos.

Fonte: O Dia

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