Quem com eles se mistura, passa a um deles ser

Desde menino na minha Palmeira dos Índios, ouvia dos mais sábios e dos não tão sábios: “quem com porcos se mistura, farelo come”. Era uma lição para que a gente evitasse os desonestos, malandros, trapaceiros e indivíduos de má fama. Estes dias tive motivos suficientes para me lembrar desta frase. Claro que fiz uma mudança intencional par não ofender o nosso animal mamífero, bunodonte, artiodátilo e não ruminante, nesta infeliz comparação.

O deplorável ato de deputados do PSDB em apoio à candidatura petista na Câmara Federal deu uma demonstração da fragilidade e da possibilidade de delinqüência de uma oposição de faz de conta, que busca o que a maioria pratica no Legislativo brasileiro: servir-se primeiro, para depois então se pensar no que pode se fazer pelo país.A adesão dos tucanos à candidatura de Arlindo Chinaglia, liderada pelo desautorizado e aproveitador Jutahy Magalhães, mostrou a cara imunda de uma oposição que tende aderir ao imoral e politicamente incorreto, desde que sejam satisfeitas suas conveniências.

As duas candidaturas postas no balcão de negócios da Câmara não elevam em nada o nível ou a imagem do parlamento. Tanto Aldo quanto Chinaglia são produtos do governo que está ai mergulhado em um infindo e profundo mar de lama. São frutos de mensalões, fisiologismos, acordos imorais, paridos e gerados pelo ventre pútrido da escória parlamentar. É uma disputa tão suja que ambos os candidatos têm como principal proposta o condenável e indecente aumento dos deputados federais. Os dois já garantiram que independente das críticas o aumento será dado.

No processo atual de disputa na Câmara o dinheiro público é usado como moeda de troca, a perspectiva de poder como arma de sedução. Os métodos são os mesmos que elegeram um Severino Cavalcante e provocaram escândalos como o mensalão, os sanguessugas e tantos outros. Tudo isto põe em exposição o novo Congresso Nacional que poderá repetir uma legislatura marcada por novas denúncias de corrupção e pela evidencia de uma grande maioria de parlamentares movidos unicamente a dinheiro. A base aliada do governo é podre e imoral. Os dois candidatos pertencem a essa base aliada e têm o beneplácito do presidente Lula, que declarou considerar Aldo e Chinaglia “seus filhos” e vai manter com os dois “ uma relação de pai”. Na verdade cada um tem o pai que merece.

Já no final desta semana aparece uma tênue luz no fundo do túnel da moralidade com uma candidatura arquitetada pela terceira via trazendo o nome do deputado Gustavo Freut (PSDB/PR), que poderá levar a disputa para um provável segundo turno, uma vez que nenhum dos dois candidatos governistas tem número suficiente de votos para vencer em um primeiro turno. Muitos tucanos que haviam declarado apoio a Chinaglia passam repensar o voto, inclusive o próprio Jutahy Magalhães, além de outros parlamentares comprometidos com o pouco de ética e moralidade que ainda restam na Câmara dos Deputados.

Será uma luta contra gigantes, contra o uso ilegal do dinheiro público, a troca de cargos, a barganha, os parentes próximos do mensalão. Mas nada será em vão quando a luta é pelo país, pela vergonha, pela honestidade.

Pelo menos agora o jogo não é entre duas bandas podres. O lado da ética lançou o seu candidato.

Jornalista e Presidente do Instituto Cidadão.

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