No que pese Maceió ser um roteiro escolhido pelos turistas para um período de descanso, nossas previas carnavalescas conseguiram fazer de nossa cidade também um lugar de curtição momesca da melhor qualidade.
Já se houve falar lá fora de nossas manifestações de rua como a de nossos blocos que estão transformando os primeiros finais de semana de fevereiro em um tempo de vibração e de alegria contagiante, que culminará apoteoticamente com a chegada da grande data festiva no sábado de Zé Pereira que será amanhã.
Há pouco mais de um mês comemoramos o natal e o ano novo com espírito de solidariedade e paz nos corações. Agora nestes dias de folia nos incorporamos da alegria, da descontração e do jeito brasileiro de ser, com muito frevo, muito samba, muito ritmo e muita ginga no corpo e nos pés, mostrando que este é um momento de esculhambação no bom sentido, onde você na sua fantasia pode ser tudo ou quase tudo.
Já tem mulher de folião que vem sofrendo pelas escapulidas dele quando chega à agonia do famigerado fugir pra festa. Mas mulher hoje em dia não é mais besta não, se o sujeito esquece dela, ela toma como provocação. E aí ta feito o desembesto com a ameaça de separação.
Se for viver como Lipo das Cavernas, homem trabalhador, mais mulherengo feito o cranco, é um sufoco da mulesta meu compadre. Ele mesmo nestes dias cheio de cachaça num bar lá de Jaraguá, disse que vida de folião algumas mulheres não entendem, e que até já se separou por isso. Dizia que se pudesse casaria dez vezes, porque mulher é assim, depois da primeira, o que vem é ladeira.
Foi aí que o garçom lhe alertou que abrisse do olho, porque é numa ladeira dessas que o cabra dá um tombo, e pra se levantar só com um guindaste. Como carnaval é refrega de muitos amores, quem está solteiro poderá sair grudado, porém quem já tem o seu par, pra evitar o pior, é melhor cair no passo acompanhado, afinal, carnaval não é feito só de aventuras, também é feito pra quem se ama.
Como o frevo renasceu, o povo agora voltou mais as ruas. E o povo vai gritando na marchinha – “paz e amor, paz e amor, guerra não senhor, não senhor”. Com o frevo surgiram tantos blocos além daqueles já conhecidos que agente até perde a conta.
Alguns de bairros com idéias bem originais como, “O Clube do Pingunço”, que tem como lema, “em caso de lucidez, ministrar cachaça”; o bloco Maluco Beleza do pessoal do Portugal Ramalho, cujo lema é, “botar seus diabinhos pra fora”; o bloco Curto Circuito do pessoal da Ceal, e assim por diante, foi realmente uma efervescência de blocos este ano. Teve também a idéia super original daquele cara que resolveu brincar o carnaval 0800, ou seja, curtir numa boa na casa do sogro, a custo zero, na Barra de São Miguel. Que beleza meu irmão!
Encerremos nossa crônica de hoje com um PS de Joca Souza Leão, publicitário e contista recifense de escol. Leitor amigo (a): se beber, não dirija; se provocado (a), tire por menos; se for frevo, caia no passo; se for fofinha (o), amolegue; se for nervo, cuidado; se for líquido, tome; se for carne, coma; se tiver cabeça pra cima, encare; de cabeça pra baixo, mergulhe; se for mais alto (a), deite; se for gigante, ajoelhe; se tiver de porre, aproveite; se lhe chamarem, vá (ou não vá, mas depois não venha reclamar); se for inteligente, emburreça; se for burro (a), mande pastar; se abrir a boca, cante; se lhe pedirem com jeito, dê; se for pro motel, não durma; se dormir, acorde, que no dia seguinte tem mais. Na bolsa e no bolso, camisinhas. Várias. Carnaval sabe como é que é, né?
