Se eu fosse um adolescente – como existem milhares pela internet – iria me sentir o cara mais amado do mundo ao abrir meu e-mail. Não há um dia que não encontre duas, três mensagens do tipo: "Olá! Estou morrendo de saudade de você. Clique aqui! De alguém que te curte de montão. Clique aqui! Quero muito estar pertinho de você. Clique aqui! Por que você não responde, meu amor? Clique aqui! Meu amor não pode ser medido por palavras. Clique aqui!"
Confesso que mesmo me considerando um sujeito rodado, meus dedos ficam ansiosos para apertar o mouse, mas me contenho pela convicção de que o correio eletrônico é um campo minado e qualquer bobeira minha máquina vai ter seu HD enviado para Vênus.
Tenho um amigo que não resistiu à declaração: "o dia passou, mas não esqueci de você. Clique aqui!" Ele clicou, constatou tratar-se de um remédio para a memória – dele, não do computador – e ainda por cima ganhou de brinde, uma quantidade de vírus que daria para formar uma escola de samba. Quase perdeu a máquina…
Os jornais do ano passado noticiaram que prejuízos com golpes através da internet chegaram na casa dos 500 milhões. Mas quem resiste à idéia de emagrecer dormindo? Ou de aumentar o tamanho do pinto? Ou de parar de fumar em meia hora? É só "clique aqui!" e, depois sabe Deus aonde termina esse buraco negro. Muitas vezes a mercadoria não chega e, se chegar, não muda nada em sua vida. Você continua fumante, gordo e de pau pequeno…
Ano passado recebi 16 comunicações ameaçadoras do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informando que meu título fora cancelado. Clique aqui para saber as razões. Você clicou? Nem eu, mas fiquei com aquela pulga atrás da orelha. No dia das eleições fui votar meio amedrontado de pagar um mico na zona eleitoral, mas depois me lembrei que se já era zona não tinha com que me preocupar… Pobres mesários! Nunca entenderam minha gargalhada atrás da cabine de votação.
Reconheço que a turma alcançou um nível de sofisticação surpreendente e às vezes fica até difícil de resistir. Tenho recebido e-mails de uma deputada de Brasília dizendo que meu emprego está assegurado. Exceto se ela foi minha amante quando mais novo, não tenho a menor lembrança desta senhora.
Não faz muito tempo recebi um e-mail de "uma colega de colégio" que – dizia ela – tinha me visto na fila do cinema e havia encontrado foto dos velhos tempos em que aparecíamos juntos. Clique aqui para ver a foto. A mensagem era muito bem escrita e senti um forte impulso para clicar. Só não cliquei por um pequeno detalhe: no final do texto, ela dizia que eu não havia mudado nada. Como não mudei nada? Estou com 140 quilos e quase careca!?!….
Quer ver como fiquei? Clique aqui!
