Também quero ser índio…

Meus amigos, morro de inveja dos índios. Ser acordado com o canto dos passarinhos nas árvores, levantar sem olhar para o despertador, tomar um banho frio no rio ao lado da taba e sentar num tronco de jacarandá para tomar seu desjejum de guaraná com mandioca.

Vai para onde quer na floresta sem precisar levar CPF, carteira de identidade, cartão de crédito, talão de cheques, carteira de motorista, essas coisas de homem branco. Índio não precisa ficar esperando sexta-feira para curtir uma happy hour. Todos os dias são happy hour…

O que pode tirar o sono de um índio? Uma cobra subindo pela rede? Uma dor de barriga que o chá de ervas não alivia? A vergonha de ter errado a flechada na capivara a um palmo do nariz? Nada que o leve a tomar Prozac para dormir. Agora, pergunta o que pode tirar o sono de um cara-pálida de classe média no Brasil! Dá uma lista maior do que os crimes do Bin Laden…

Na próxima encarnação quero voltar índio. Não ter barba para fazer, não precisar trocar de roupa, nem escolher a gravata…

Só de pensar que índio não sabe ler nem assiste aos noticiários da TV sinto vontade de botar uma tanga, um cocar e me enfiar mato adentro. Não começar o dia se informando sobre a alta do dólar ou da Bolsa, os tiroteios nos morros cariocas nem os assaltos da véspera ou os atentados terroristas pelo mundo, enchentes, furacão, terremoto, destruição, jornalistas amantes de senadores, corrupção…

Não ter que começar o dia com essa pressão na cabeça explica por que os índios não freqüentam psicanalistas.

Um amigo avisa que não vou agüentar essa mudança "porque os índios ainda vivem na Idade da Pedra".

E daí? A Pós-Modernidade não melhorou a vida de ninguém. Os avanços foram materiais porque, por dentro, estamos todos pedindo socorro! Volto, sem problema algum, ao período paleolítico.

Sem energia elétrica acenderei uma fogueira, sem gás, usarei o carvão. A água estará ali, correndo livre pelos rios e cachoeiras… Além do mais, estou convencido de que sou um homem fora do meu tempo. Jamais manejei um revólver. Só sei atirar de arco e flecha. Ficar sem assistir à novela das oito também não será problema: as histórias do Morubixaba são muito mais emocionantes…

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