Acidente previsível

O dia 17 de julho de 2007 ficará, lamentavelmente, na história da aviação comercial brasileira. Estamos de luto e indignados com o fato. O acidente aéreo ocorrido com o vôo 3054 da TAM, que vitimou 186 pessoas, parecia previsível. O número total de mortos pode chegar a 200. Anteriormente, outros aviões já haviam derrapado na mesma pista. Providências eficazes não foram tomadas para impedir que os aviões continuassem aterrissando. Faltou antecipação, iniciativa, decisão. Não adotaram o controle e doutrinamento, necessários para evitar a tragédia. Somente após esse terrível acontecimento é que limitaram os tipos de aviões que poderão descer em Congonhas.

De quem é a culpa pelo maior acidente civil aéreo ocorrido no país? Haverá punição para os responsáveis?

A população brasileira quer saber a resposta para essas perguntas. É inadmissível que fatos como esses continuem acontecendo no Brasil, sem as conclusões definitivas e as punições devidas. Até hoje não saiu qualquer punição para os responsáveis pela queda do avião da Gol, que antes do vôo 3054 era o maior acidente. Não podemos antecipar as reais causas da atual tragédia. Mas precisam ser desvendadas. Há muitas hipóteses, “achismo” e opiniões diversas. O motivo pode ter sido falha humana, defeito da aeronave ou das condições da pista de pouso e decolagem. Ou pode também ser uma combinação de fatores, o que é mais provável. A verdade é que, se isso tivesse ocorrido, por exemplo, no Japão, os integrantes do governo, ligados diretamente ao problema – Comando da Aeronáutica, Infraero, Anac, Ministério da Defesa e o Conselho Superior de Aviação Civil, já teriam pedido demissão ou seriam exonerados. E no Brasil?

Segundo especialistas, o maior problema da aviação civil brasileira é que as regras não são cumpridas. O fato do aeroporto de Congonhas encontrar-se numa região altamente habitada não justifica o acidente.

O Ministério Público Federal entrou com uma ação pedindo o fechamento do aeroporto de Congonhas. Mas outros aeroportos com características semelhantes, como o aeroporto John Kennedy em Nova York nos Estados Unidos, nunca registrou um só acidente. Será que no aeroporto John Kennedy as normas são rigorosamente cumpridas?

O que revolta é assistir pessoas inocentes perderem suas vidas prematuramente, vítimas do declínio da aviação brasileira. As famílias enlutadas precisam receber toda a ajuda prevista na legislação. Por maior que seja a indenização, nada, absolutamente nada, compensa a perda de um ente querido.

O que precisa é o governo fazer uma gestão mais eficiente e eficaz, e esta, tem que ser seguida por todos os órgãos envolvidos no problema.

A ausência de grooving no pavimento – ranhuras feitas no asfalto para melhor escoamento da água, não explica o desastre. Entendemos que a tecnologia de pavimentação das pistas precisa ser analisada. Existem novos tipos de pavimento que podem melhorar as condições de pouso. O mercado cresce de modo acelerado e os investimentos na infra-estrutura aérea não acompanham o mesmo ritmo. É preciso ter uma visão de futuro e usar as melhores tecnologias existentes para garantir a máxima segurança nas operações aéreas. Precisamos fazer um projeto para avaliação de todos os pavimentos das pistas dos aeroportos.

Enquanto não aprendermos a liderar e administrar as questões públicas com a máxima eficácia, vamos continuar errando.

Com a palavra as autoridades.

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