O sentido estratégico

O importante livro “Direito à Memória e à Verdade”, recém-lançado pelo governo federal, editado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, registra o perfil dos mortos e desaparecidos durante o regime ditatorial em nosso país.

É um valioso documento oficial que relata os anos de chumbo e a bravura dos que lutaram contra o arbítrio em nosso país, de 1964 a 1985. Mas, ao tratar dos que foram abatidos nos anos dramáticos, o tema amplia-se a todos aqueles que resistiram na clandestinidade ou semilegalidade, na tortura, aos exilados impedidos de retornarem à pátria, aos outros milhares que lutaram, das mais diversas formas, pela redemocratização do país.

Na terça-feira, 28, tive a honra de, ao lado de outros companheiros e companheiras, em nossa paróquia, dizer algumas palavras sobre a importância da conquista da Anistia em nosso país, na inauguração de uma exposição sobre essa luta política do povo brasileiro. O período arbitrário foi tenebroso, cheio de sobressaltos, onde a coragem excedeu o medo.

A exposição, aberta com palestras, encontra-se no Memorial da República. Uma feliz iniciativa, porque o país lutava pela restauração do verdadeiro sistema republicano, esquartejado durante os 21 de arbítrio.

Talvez, vários jovens turistas que por ali passavam, não soubessem a dimensão da luta pela anistia, que estava ligada a mais duas bandeiras fundamentais para os brasileiros: liberdades políticas e a convocação de uma Assembléia Constituinte, livremente eleita, com a legalização dos partidos clandestinos.

Mas, através dos imponderáveis caminhos da História, milhões de brasileiros lançaram-se na campanha pelas Diretas Já, à presidência da República.

No entanto, o capítulo final, vitorioso à democracia, deu-se na eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, criatura gerada pelo regime, visando o seu continuísmo sem sobressaltos. Foi uma grande lição de amplitude, de lúcida tática política.

Diz Paulinho da Viola em uma das suas composições: “meu filho, quando pensar em seu futuro, não esqueça o seu passado”. A luta de um povo não é feita do presente contínuo, mas de um árduo itinerário de lutas.

Olhando para a atual peleja contra os conservadores, não podemos esquecer os vários e históricos momentos pela afirmação nacional e social do Brasil. Sob o risco de perdermos o prumo do nosso sentido estratégico.

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