Mesmo sem ter sequer estreado no cinema, Tropa de elite, filme que fala sobre a atuação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no Rio de Janeiro é um dos filmes nacionais mais vistos e comentados dos últimos tempos. Tudo isso porque, em um episódio inédito no País, o filme “estreou” primeiro nas bancas de DVDs piratas do que no cinema.
Em Maceió não foi diferente. De acordo com os camelôs que atuam no Centro da cidade, o filme é o sucesso do momento na capital alagoana. “Hoje o movimento está fraco, por isso só vendi três cópias desse filme. Mas, na semana passada, Tropa de elite foi o mais vendido. Vendi mais dele do que de todos os outros lançamentos juntos”, conta uma vendedora.
Outra polêmica envolvendo o filme é uma suposta seqüência, batizada no mercado pirata do eixo Rio-São Paulo como “Tropa de elite 2”, que reuniria as cenas que foram cortadas do primeiro filme.
Em Maceió, alguns vendedores contam que ainda não “receberam” a suposta continuação, outros sequer ouviram falar no assunto: “O Tropa de elite ainda nem chegou ao cinema, quanto mais o dois”, comenta uma vendedora, no momento em que trabalhava na gravação de novas cópias piratas.
Aproveitando o sucesso do filme nacional, os vendedores encontraram uma forma de baratear ainda mais o preço do dvd pirata. “Se você quiser economizar, pode levar por R$ 2,50, sem a caixa, só no plástico. É uma forma de baratear o custo”, falou um dos camelôs que já aderiram a prática.
Confusão
O proprietário de uma vídeo-locadora, que preferiu não se identificar, conta que a confusão gerada com a venda das cópias piratas do filme foi tanta que, muitos clientes já chegaram na locadora procurando por Tropa de elite, sem saber que o filme ainda nem estreou nos cinemas. “O agravante é que se trata de um filme nacional, que supostamente deveria estar muito bem guardado”, desabafa.
Para o empresário, essa banalização do crime da pirataria é tão profunda que os camelôs não têm nenhum receio de ferir a lei, promovendo, inclusive, a exposição de capas de vídeos pornôs no meio da rua, onde qualquer criança pode passar e ver.
“No Brasil, R$ 30 bilhões por ano deixam de ser arrecadados com a pirataria em geral. O que nos machuca mais não é o prejuízo financeiro, mas a inoperância do Estado”, diz o empresário, que é integrante da Associação Alagoana de vídeos-locadoras. Ele acrescentou que já está investindo em outro ramo de negócios: “Já joguei a toalha. Do jeito que a pirataria está, as vídeos-locadoras são um negócio em extinção”.
Estréia
Segundo o diretor de Tropa de elite, José Padilha, a cópia pirata é uma versão inacabada do original, que envolveu recursos na ordem de R$ 10 milhões. O filme original está previsto para estrear no País no dia 12 de outubro.