‘Alagoas não tem políticas públicas próprias para o idoso’

Alagoas24horasBibelôs que o gerontólogo coleciona: muitos deles presenteados por idosos

Bibelôs que o gerontólogo coleciona: muitos deles presenteados por idosos

Em razão do Dia Nacional do Idoso – comemorado hoje – o gerontólogo Francisco Silvestre, 54, avalia com exclusividade para o Alagoas 24 Horas o que mudou para o idoso brasileiro na última década: “Apesar dos pesares, o idoso ganhou em valorização, visibilidade e qualidade de vida, sem contar com o aumento de dois anos na expectativa de vida. Ele conquistou a cidadania, o respeito social, embora ainda falte muito para alcançar a valorização e o respeito familiar”.

Silvestre diz também que, nos últimos anos, o comércio já percebeu a importância do idoso na economia brasileira e começa a investir no público que ganhou em poder aquisitivo. Em Alagoas, ele cita como conquistas importantes a criação da Universidade Aberta à Terceira Idade, por iniciativa da Uncisal, e dos conselhos municipal e estadual do Idoso.

O Estatuto do Idoso – Lei que entrou em vigor em janeiro de 2004, com o objetivo de assegurar e regular os direitos dos idosos – também é citado como uma conquista, embora o gerontólogo frise que o processo de ajuste da lei caminha a passos lentos no País e, principalmente, em Alagoas, onde ainda não existe a aplicação das leis que o Estatuto prevê.

“O que vemos aqui no Estado são iniciativas isoladas, de empresas que, por exemplo, destinam vagas para a terceira idade em seus estacionamentos. Em Alagoas poucas leis do Estatuto ‘pegaram’, entre elas a do ingresso com 50% de desconto para os jogos realizados no Trapichão”, comenta.

“Os idosos precisam estar atentos aos seus direitos em geral, mesmo que estes não estejam ajustados às leis municipais e estaduais, uma vez que Alagoas não tem políticas públicas próprias para o idoso”, desabafa Silvestre.

Só no papel

Ele diz que há três anos a lei que cria a Política Estadual do Idoso está em trâmite na esfera do executivo e não sai do papel. Segundo o gerontólogo, a implantação da política traria inúmeros ganhos para o idoso alagoano, uma vez que obrigaria o Estado a executar ações diretas e efetivas em prol do segmento.

“Com a lei em vigor, um centro de referência poderia ser criado, um calendário de jogos para a terceira idade, uma delegacia especializada e um disque-denúncia, para citar alguns exemplos. Com a falta da delegacia, hoje nós não temos sequer dados sobre o índice da violência contra o idoso no Estado”, alerta.

Silvestre denuncia que, durante a campanha, o governador Teotonio Vilela Filho reuniu mais de mil idosos em um evento e fez várias promessas, garantindo a implementação de programas que melhorassem o bem-estar do idoso alagoano. “Até agora não vimos nada de concreto nessa área. Nem mesmo possuímos uma sala para o Conselho Estadual do Idoso”.

O gerontólogo salienta ainda a necessidade de uma participação mais afetiva e efetiva do Ministério Público para cobrar a aplicação do Estatuto no Estado.

“A implantação efetiva das leis, um Ministério Público atuante neste setor e a criação da delegacia são, para mim, alguns dos desafios que os idosos alagoanos têm pela frente”, avalia.

Silvestre acrescenta que, com relação à família, o respeito ou desrespeito a um ente idoso é geralmente uma questão cultural. “As escolas deveriam implantar matérias relacionadas à geriatria e gerontologia. A educação para o respeito ao idoso deveria começar na escola e ser mais discutida na mídia. O idoso precisa de mais espaço que o valorize”, finaliza.

Até o ano passado o Dia Nacional do Idoso era comemorado nos dias 27 de setembro e 01 deste mês, até que a promulgação da Lei Federal 11.433, de dezembro de 2006, unificou as duas comemorações para o dia de hoje.

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