Mortes de mulheres serão investigadas por pesquisadores em Arapiraca

Todos os anos, milhares de mulheres morrem em todo o mundo, vítimas da falta de precisão diagnóstica, cuidados e soluções por parte dos organismos de Saúde pública. Dados do Ministério da Saúde dão conta de que somente em 2005, 262 mortes foram registradas no Nordeste. Destas, 31 ocorreram em Alagoas, sendo 28 no município de Arapiraca.

Baseado nesses dados, pesquisadores do programa especial sobre Saúde da Mulher, que está sendo implantado pela Escola Superior de Enfermagem e Farmácia (Esenfar) da Universidade Federal de Alagoas, desenvolverão em Arapiraca, durante um ano e meio, atenção domiciliar como recurso para prevenção de complicação da saúde da mulher. Nos primeiros meses de atividades, as ações envolverão duas mil mulheres e resultará em um mapeamento do perfil econômico-social das pesquisadas.

A construção do perfil partiu da preocupação dos pesquisadores em relação à forma “misteriosa” como mulheres estão morrendo na região. Eles afirmam que a fisiologia humana, o analfabetismo e a pobreza não são suficientes para explicar a grave situação de morte de mulheres naquele município. A chamada morbi (mortalidade), que é o adoecimento e morte, provocada pela Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) é apenas um entre os muitos problemas de saúde da mulher, como confirmou uma das coordenadoras do programa, Rosimar Valverde.

Os professores Ciro Bezerra e Zandra Candotti, integrantes da equipe, acreditam que muitas mulheres podem estar morrendo porque predomina a perspectiva antropocêntrica, (visão apenas da medicalização), no tratamento e assistência das enfermidades humanas. “E Essa visão tem o gênero masculino como referencial único para interpretar o mundo”, dizem os pesquisadores.

Dentro do universo feminino, duas preocupações estão sendo apontadas como urgentes. Uma diz respeito às síndromes hipertensivas na gravidez, por exemplo, têm determinado as complicações mais comuns, ocorrendo em 10 a 22 por cento das gestações. A outra é o Coeficiente de Morte Materna (CMM) no Brasil, que é de 72 para 100 mil nascidos vivos, e se corrigido este coeficiente, esse índice eleva-se para 141 para 100 mil nascidos vivos. Enquanto em países como Canadá, é de 3 para 100 mil.

“Diante dessa realidade é fundamental priorizar as ações públicas em saúde da mulher na adequação dos serviços e não na hospitalização. Mas não podemos, mais uma vez, deixar de respaldá-la à concepção humanista. Caso contrário, tais ações tendem a influir muito pouco nos resultados perseguidos”, salienta a professora Zandra Candiotti.

Programa

Denominado de “A Mulher no município de Arapiraca: Saúde, Formação e Gênero”, o programa da Escola Superior de Enfermagem e Farmácia foi um dos selecionados do Programa de Apoio à Extensão 2007, do Ministério da Educação. Para as atividades foram destinados 60 mil reais.

Conforme cronograma de trabalho serão realizadas quatro oficinas pedagógicas de saúde pública, contando a pesquisa nessa primeira etapa, com a participação de vinte grupos operacionais, formados por enfermeiras, técnicos, auxiliares e agentes comunitários de saúde do município.

O Programa abrange três projetos interligados: DHEG (Doença Hipertensiva Específica da Gestação); Aleitamento; e Gênero (a concepção da mulher arapiraquense sobre saúde, corpo e sexualidade).

Com Assessoria/Ufal.

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