Especialistas tentam encontrar respostas para queda de avião

Pouco tempo após o acidente que matou oito pessoas, especialistas em aviação resistem em apontar as possíveis causas da queda do jatinho executivo Learjet no domingo (4) na Zona Norte da capital. Mas, a pedido do G1, consultores falaram sobre hipóteses que podem ter levado à tragédia. Eles tentaram responder a perguntas como por que o avião fez uma curva à direita e por que os pilotos não responderam à torre de controle.

Segundo a Aeronáutica, a aeronave fez uma curva à direita, e não à esquerda, conforme orientação do controle de tráfego aéreo. O Serviço Regional de Proteção de Vôo diz que na pista em que o avião decolou, no Campo de Marte, todas as curvas são à esquerda para não atrapalhar o fluxo do aeroporto de Guarulhos.

Uma hipótese para a curva no sentido oposto seria uma pane no motor direito que pode ter mudado a trajetória da aeronave para a direita. “Uma pane no motor direito levaria o piloto a perder parte do controle longitudinal. A potência gerada pelo motor oposto entorta ou muda a trajetória do avião”, avalia o consultor em aviação Gianfranco Betting, ressalvando que esse é apenas um “cenário provável”.

A hipótese também é citada pelo engenheiro aeronáutico e professor de transporte aéreo e aeroportos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Eduardo Leal de Medeiros. Ele não acredita que a curva tenha sido um ato voluntário do pilto.

“O avião não caiu porque fez o desvio à direita. Ele desviou e depois caiu. A curva à direita pode ser resultado de pane na turbina direita. O piloto poderia estar mais interessado em manter o avião voando do que ir para a esquerda ou para a direita”, opinou.

Caso essa possibilidade seja confirmada pelas investigações, outra pergunta teria de ser respondida: a turbina esquerda estaria funcionando? Segundo os consultores, mesmo com uma turbina em pane, seria possível pousar apenas com o motor esquerdo.

Até mesmo a abertura de um dos reversos, sistema que auxilia na frenagem da aeronave, não é descartada. Mas, para o comandante Ronaldo Jenkins, coordenador de segurança de vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, que analisou imagens exibidas na TV, o reverso pode não ter contribuído para o acidente.

“Não existe nenhuma evidência de reverso armado nesse avião”, diz Jenkins, acrescentando que a certeza só virá após as investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que tem 90 dias para entregar um relatório parcial.

Sobre o silêncio da tripulação momentos antes da queda, o consultor Gianfranco Betting disse que é comum em casos de emergência o piloto não responder ao chamado dos controladores de vôo. “Isso indica que eles estavam trabalhando para evitar que algo de ruim acontecesse”, diz ele.

Apesar dessas especulações, os especialistas frisam que nada pode ser descartado neste momento, até mesmo um mal súbito do piloto ou o impacto da aeronave com uma ave.

Adalberto Felibiano, vice-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral, destacou a importância da análise dos gravadores de voz da cabine. “Ainda não dá para dizer o que aconteceu. Ouvir as considerações iniciais da equipe de investigadores após análise das peças vai permitir especular sobre as causas”, disse ele.

A Reali Táxi Aéreo divulgou na noite de domingo (4) um comunicado sobre o acidente que envolveu sua aeronave Learjet modelo 35. O avião caiu sobre casas no bairro da Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo às 14h10. A empresa afirmou que a aeronave estava em condições regulares de vôo, com manutenção em dia. A Reali diz que vai prestar toda a assistência necessária às vítimas.

Fonte: G1

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