Dengue: bairros nobres são os mais resistentes ao trabalho dos agentes de saúde

Priscylla Régia/Alagoas24horas/ArquivoAlmeida espera liberação da promotora Cecília Carnaúba para assumir Secretaria de Educação

Almeida espera liberação da promotora Cecília Carnaúba para assumir Secretaria de Educação

Na tarde de hoje, as promotoras de justiça Cecília Carnaúba, Dalva Tenório e Micheline Tenório estiveram reunidas no Ministério Público com cerca de 20 lideranças comunitárias de várias localidades de Maceió, como Jacarecica, Feitosa, Ouro Preto, Clima Bom, Pinheiro, Vale do Reginaldo e Grota do Arroz.

O objetivo do encontro, que foi aberto com uma palestra do coordenador do Centro de Zoonoses, Carlos Eduardo, foi reforçar a importância da parceria da população no combate à dengue. Na reunião, a promotora Cecília Carnaúba falou com o Alagoas24horas sobre o decreto municipal que concede poder de polícia aos agentes de saúde que atuam no combate à dengue.

“Na tentativa de realizar seu trabalho, vários agentes já foram ameaçados com faca e até revólver, sem contar com as inúmeras agressões verbais. Eles trabalham sob tensão e o decreto irá protegê-los. Não há explicação para a resistência de algumas pessoas em permitir o acesso dos agentes de saúde em suas residências. Utilizamos o decreto porque a legislação prevê e a situação exige”, argumenta a promotora.

Com relação à possibilidade de o decreto gerar ainda mais resistência nos proprietários ou mesmo levar a excessos por parte dos agentes, ela diz não acreditar que isso aconteça. “O poder de polícia do qual eles estão investidos é legal, regular e trata-se de mais um recurso para conscientizar a população, um recurso que só será utilizado em último caso”.

Carnaúba explicou que primeiro o agente visita a residência, se não conseguir entrar, ele volta acompanhado de um policial bombeiro ou um soldado do Exército. Se for novamente impedido, o Ministério Público envia uma notificação para o proprietário e só então age com o poder de polícia.

Notificações

Segundo a promotora, desde o início da força-tarefa de combate à dengue, os agentes foram impedidos de entrar em cerca de 30 mil residências. Nesta quinta, o Ministério Público começou a enviar notificações para as 115 residências (das sete mil visitadas no mês passado), onde os proprietários continuam a recusar a entrada dos agentes, mesmo acompanhados de homens do Corpo de Bombeiros ou do Exército.

Carnaúba diz que a resistência maior é encontrada nos bairros da Jatiúca e Farol. “Eles chegam a fechar condomínios e ruas inteiras e deixam a ordem de impedir a entrada dos agentes de saúde. Isso é uma ignorância que prejudica toda a sociedade”.

A promotora contou o exemplo de uma residência de classe alta no Farol, onde não foi permitida a entrada dos agentes. “Na segunda vez que o agente esteve lá, com a presença dos bombeiros, a entrada foi permitida e eles encontraram um foco imenso do mosquito em uma árvore no quintal. Se eles não tivessem entrado, o foco poderia ficar ali durante anos”.

Segundo dados do CCZ, este ano foram confirmadas 11 mortes por dengue em Alagoas, das quais quatro em Maceió. Ao todo, só na capital, foram notificados 4.200 casos, dos quais 3.800 foram confirmados.

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