A frase do Delfim

Traçar o itinerário não é coisa fácil, a não ser que se pretenda ir a lugar nenhum, ficando inerte, contemplativo. Na História, eles são sinuosos, cheios de surpresas a cada curva do tempo dos povos, das classes sociais. Das guerras, já se disse que era a continuação da política por outros meios, daí que o senhor Delfim Neto proclama, equivocadamente, que “na política só o ódio constrói”.

Na guerra o ódio é circunstancial, imperativo é o objetivo final. E se possível, sem perdas humanas e materiais. É fundamental distinguir o clamor contra as injustiças, as tiranias, do ódio.

Esse, só destrói, contamina o ambiente, não importa qual seja ele. É preciso diferençar a grande política, a verdadeira e única, da luta menor, da ânsia obsessiva do poder pelo poder, da fogueira das vaidades, tão comum, abundante mesmo, no cotidiano das atividades humanas.

As grandes obras, em todas os ofícios, não foram construídas através do ódio mas do espírito elevado que privilegia a causa do bem estar coletivo, da aldeia à humanidade.

Os impérios, em todas as épocas, na trajetória sistemática de ascensão, crise, declínio e queda, ao contrário do nosso senso comum, nunca foram construídos pelo ódio furibundo, hidrófobo, sardônico. Vão sendo edificados em função dos interesses das grandes potências em cada período histórico, de forma calculada, planejada, passo a passo, expandindo-se.

As crueldades perpetradas pelos impérios, visando à salvaguarda dos seus domínios territoriais, financeiros, culturais, não são movidas pelo instinto odioso mas pela necessidade de manutenção dos lucros, do poder geopolítico ou outros.

As grandes potências imperiais sempre foram inimigas das nações submetidas ou que contra elas se insurgiram, porque os seus interesses são absolutamente antagônicos às aspirações majoritárias dos povos, da Antiguidade aos Estados, desde que eles se constituíram como tal.

O ódio, do qual nenhum vivente encontra-se imune, cega o ator da política e nessa condição torna-se presa fácil, tanto dos tiranos quanto dos impérios, já que atordoado pelo sectarismo doentio é incapaz de raciocinar com lucidez sobre os movimentos necessários ao caminho almejado.

Para que a justa indignação encontre os caminhos da emancipação, torna-se fundamental o projeto maior, a clareza estratégica e tática, a causa que ilumine e traga esperança de novos tempos às maiorias.

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