Deus é brasileiro

Até quem é de fora do país, já acostumado com nosso futebol-arte, deveria desconfiar. Mas foi preciso que a eficiente Petrobras desse um empurrãozinho. Reportagem publicada pela conceituada revista britânica The Economist comentou a descoberta do campo de petróleo de Tupi, num país já farto em recursos naturais, afirmando, com ironia, que "Deus pode mesmo ser brasileiro, afinal".

Igual espanto foi seguido pelo New York Times, que chegou a afirmar que a descoberta pode mudar a política interna e externa do Brasil. Já para o Financial Times, a descoberta do megacampo pode transformar a indústria de petróleo e elevar o Brasil ao topo dos países produtores. O diário espanhol El País foi além e chegou a dizer que a descoberta faz o Brasil "tomar as rédeas da América Latina".

Num momento em que o petróleo e o gás estão sendo considerados um poderoso instrumento político, cujo poder se concentra nas mãos de poucos países como Irã, Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes, Rússia, Venezuela e Estados Unidos, isso aumenta o peso dos países exploradores. A posição do Brasil era a 24ª. Com essa descoberta, nosso país passa a ocupar a 9ª posição no ranking dos que detêm esse recurso natural estratégico para o mundo. Tão estratégico que várias guerras foram feitas nas últimas décadas com o objetivo, mascarado ou não, de disputar o controle sobre o “ouro negro”.

Em Tupi, na Bacia de Santos, deve haver pelo menos 8 bilhões de barris de petróleo, o que equivale a cerca de metade das reservas atuais do país. Estima-se que haja uma considerável probabilidade de haver pelo menos cinco vezes mais petróleo abaixo de uma camada de sal, o que daria 40 bilhões de barris de petróleo.

Nesse patamar, o Brasil pode se tornar um grande produtor e até importante exportador de petróleo. Porém, levará de cinco a seis anos para iniciar a produção de Tupi. O Brasil consome perto de 2 milhões de barris por dia de petróleo, ou seja, cerca de 700 milhões de barris por ano. Supondo que, em alguns anos, o consumo chegue a 2 bilhões de barris por ano, 40 bilhões de barris darão para mais de 20 anos.

Isto, certamente, nos deixa tempo, também, para continuarmos investindo em energias alternativas e menos poluentes, como os biocombustíveis. Terra e tecnologia é o que não nos falta. E este tipo de inovação emprega uma grande quantidade de mão-de-obra, além de ser estratégica para um país que está começando a exportar conhecimento.

A política brasileira do etanol e do álcool tem sido acertada e possui projetos ambiciosos como o do alcoolduto que deve passar por estados como o Acre, Mato Grosso, entrará por Goiás, subirá por Tocantins, pelo Maranhão, até chegar ao porto de São Luís. O Governo não precisará investir 1 centavo nesse projeto. Empresas privadas querem fazer esse alcoolduto para produzir 20 bilhões de litros de álcool, para exportarmos por um porto que está a 5 mil quilômetros da Costa Leste dos Estados Unidos. Isso vai gerar dentro do Brasil um boom econômico, uma poupança para nos fazer crescer a 10% ao ano novamente. O Brasil tem uma poupança interna hoje de 21%. Com esse projeto, chegará à poupança da Argentina e do Chile.

E Alagoas, como um dos principais produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e do país, vai ter sua economia incrementada, certamente. Quem lê os jornais todos os dias acha que, às vezes, Deus esquece que também é brasileiro. Basta lembrar de Tupi e dos campos verdes espalhados pelo país para perceber que não é bem assim.

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