Bom não tá, e não vai melhorar?!.

Publius Ovidius, poeta latino, mais conhecido nos países de língua portuguesa por Ovídio, escreveu no ano 08 a.C., As Metamorfoses, sua obra mais famosa, na qual assim afirmou: “A última idade foi a do ferro. Imediatamente, todo o crime irrompeu na idade deste metal pior. … Vive-se de rapina. O hóspede não está seguro com o hospedeiro. O sogro não o está da parte do genro. A concórdia dos irmãos também é rara. O marido deseja a morte da esposa e ela anseia pela morte do marido. O filho investiga, antes do tempo, sobre os anos da vida paternos. A piedade jaz vencida. Então, a virgem Astréia – a deusa da Justiça – última habitante do céu, deixou a terra coberta de sangue.”
Se Ovídio vivesse hoje em Alagoas, certamente que material não lhe faltaria para escrever acerca da idade férrea tal qual descrevera em As Metamorfoses.
Com efeito, em Alagoas, de há muito que o crime campeia impunemente.
Em recente artigo escrito na revista Veja, edição de 21/11/07, o articulista Diogo Mainardi, ao discorrer sobre o elevado aumento da taxa de homicídios em Caracas, na Venezuela, escreveu que o índice de criminalidade naquela cidade, ganha de Recife e de Maceió, afirmando, ainda, com certo espanto, que é muito duro ganhar de Recife e de Maceió.
Que bela competição! Chegamos a um índice tão grande de homicídios, que servimos como parâmetro máximo de taxa de elevação de violência e criminalidade.
De fato, os jornais diariamente nós trazem matérias que remetem aos piores dos cenários. São tantos os homicídios e atos criminosos que de uma semana para outra, uma morte já é esquecida em face do surgimento de outro crime sem explicação.
Estamos a mais de cem (100) dias com a policia civil em greve. Quando um serviço essencial como o da policia civil, dentre outros serviços públicos que estão em greve, permanecem tanto tempo capenga, em decorrência de um movimento grevista, sem perspectiva de solução, é sinal de algo vai mal e muito mal.
Aqui se tornou comum comemorar aniversario de paralisação de serviço público.
Passamos a viver como se tudo estivesse bem, e não está. Não há segurança nenhuma, para ninguém, exceto para alguns poucos privilegiados da cúpula do Estado, que mantém segurança pública como se fosse privada, ou outros que às suas próprias expensas arcam com sua segurança.
Neste cenário, a violência passa a ser cena urbana de natureza corriqueira. Cito alguns exemplos:
Nesta semana, ao sair de uma academia de ginástica, minha esposa foi surpreendida com três homens armados correndo na rua, e em pânico, permaneceu paralisada, enquanto tais elementos passavam na sua frente, entrando em um carro que estava parado ao lado de seu veiculo. Acabavam de assaltar uma clinica de imagem vizinha à referida academia. Tal cena ocorreu em uma rua de constante movimento, próxima ao Shopping Farol, e isso não chegar a ser novidade, seja no Farol, Ponta Verde ou qualquer outro bairro de nossa Capital.
Há dias, um amigo, proprietário de um pequeno salão de corte de cabelo, ao sair de sua residência localizada próximo ao Conjunto José Tenório, por volta das 06:30, foi abordado por quatro homens armados, e teve sua casa completamente assaltada, chegando a permanecer por cerca de duas horas, com toda sua família deitada no chão sobre a mira de pistolas. Estava desolado, não sabendo como explicar a seu pequeno filho, e conter sua revolta, um computador que tinha acabado de comprar para o garoto, depois de meses de contenção em seu orçamento, fora levado pel os assaltantes, que insistiam em afirmar que a culpa era do governo e não deles.
Evidente que a culpa não é do governo. Não se rouba, mata e seqüestra com tal argumento.
Todavia, o governo, por sua área de segurança, peca quando não age para conter a onda de violência. Não se combate violência e criminalidade excessivas com teses acadêmicas. Inteligência e estratégias são importantes no contexto de ações em conjunto, não isoladamente.
É preciso mostrar serviço, e em matéria de segurança, mostrar serviço significa eficiência na diminuição da violência urbana.
A morte de comerciante Gezimar Figueiredo Nóbrega, de setenta anos, é sintomática da ineficiência da policia em Alagoas. Depois de ser assaltado 17 (dezessete) vezes, o comerciante resolveu reagir e terminou brutalmente morto. Evidente que não tinha chance contra três assaltantes, mas como recriminar tal conduta, o que levou o comerciante a tal ato de desespero, por certo fora o cansaço de ser constantemente violentado, sem nenhuma resposta do poder público.
Que sua morte não fique em vão. E isso tem sido ouvido tão reiteradamente, a cada passeata de protesto. Igor Ferreira, Manoel Messias de Souza Junior, e tantas outras vítimas, por motivos tão fúteis, o que só confirma que Astréia – a Deusa da Justiça, de há muito deixou Alagoas.
No ritmo em que vamos, logo tomaremos de Caracas o posto de cidade mais violenta da América Latina.
Assim, só nós resta afirmar que “Bom não tá, e pelo jeito NÃO vai melhorar”!

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