Projeto Contos de Andersen estimula leitura em alunos de 1ª a 4ª série

Crianças apresentam peça "O Patinho Feio" nesta terça-feira. A iniciativa é mais uma prova de que o entusiasmo dos professores é o primeiro passo para garantir um avanço dos alunos. Aproveitando-se das possibilidades de trabalhar a capacidade imaginativa das crianças de 1ª a 4ª série, dez educadores da Escola Estadual Josefa da Conceição Costa, localizada no bairro do Canaã, se reuniram em torno do projeto: "Contos de Andersen", uma ação que, desde setembro, vem reunindo semanalmente mais de 300 alunos para a leitura de contos infantis.

Nesta terça-feira, às 9 horas, 30 crianças apresentam uma encenação de “O Patinho Feio”, clássico de Hans Christian Andersen, escrito há mais de 150 anos. “Escolhemos o Patinho Feio porque é um livro que aborda claramente a questão do preconceito e da superação. Sempre que trabalhamos um texto, estimulamos a imaginação da criança, mas também tentamos trazer o tema para a realidade", explica a professora de português Marijôse Albuquerque Costa, responsável pelo projeto.

Marijôse conta que a idéia partiu da percepção de que a biblioteca poderia ser mais bem aproveitada. "Quando passei a trabalhar na sala de leitura, percebi isso e senti que era necessário integrar o processo de leitura dos alunos com todos os que fazem a escola", conta a professora, que coordena o espaço da biblioteca – cujo acervo é de aproximadamente 500 livros – pela manhã.

“Às terças e sextas-feiras reuníamos as turmas de 1ª e 2ª e de 3ª e 4ª séries no pátio, e contávamos uma história por semana. Como já tínhamos todos os passos sistematizados no projeto, cada turma voltava para sua sala e seu professor, utilizando diversos recursos pedagógicos", relata Marijôse.

Outra estratégia utilizada para estimular a criatividade das crianças acontecia durante a leitura dos livros, quando a professora fazia pausas para questionar as crianças sobre o que achavam que iria acontecer. Além disso, eles também desenhavam os personagens. Todo o material era exposto no pátio, como forma de valorizar o que haviam construído."Trabalhar o imaginário da criança faz com que ela perceba um outro mundo de sonhos e encantamentos, mas temos também que buscar paralelos com a realidade", pondera a professora. No caso de O Patinho Feio, a discussão ficou bem clara: era preciso ver que há beleza no diferente e que devemos superar o preconceito.

Evolução – Conhecer a história de Andersen também foi um ponto fundamental para que as crianças entrassem no universo dos personagens, uma vez que o trabalho do autor traz fortes traços autobiográficos: seu pai, que morreu quando ele tinha 11 anos, era sapateiro, e sua mãe, apesar de ser semi-analfabeta, lhe contava histórias. Era pobre, magro e de aspecto doentio. Sentia-se, como chegou a afirmar, um patinho feio.

Saber desses fatos foi também uma forma de perceber a necessidade de respeito ao colega que é, de certo modo, diferente. Com relação à leitura em si, o resultado do trabalho já pode ser percebido. Segundo Marijôse, as crianças freqüentam mais a biblioteca e respeitam o momento de leitura, superando a agitação inicial e já procuram livros para empréstimo.

"Como estávamos ensaiando a peça diariamente, suspendemos os empréstimos. Na apresentação desta terça-feira estarão expostos ao público todos os trabalhos dos alunos realizados nesse período, além dos livros lidos. Mas Marijôse ressalta que esse trabalho não seria possível se não fosse um projeto coletivo, que contasse com a participação de professores e do apoio da diretoria. "Felizmente, todos tivemos a percepção de que a leitura é a porta de entrada para que a compreensão universal. Só ela é capaz de fazer o ser humano refletir as questões sociais e transformá-las", finaliza.

Fonte: Agência Alagoas

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