"Não me sinto em campanha", afirma Lula em Minas Gerais

No dia em que cumpriu um roteiro típico de candidato em Belo Horizonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não se sente em campanha. Disse que continuará inaugurando obras pelo país enquanto não se "colocar como candidato", decisão sobre a qual declarou "não ter clareza" de quando ocorrerá.

"Não me sinto em campanha", disse Lula, em rápida entrevista após inauguração e visita a obras na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). "Os que falam isso, na verdade, gostariam que eu não inaugurasse as obras que eu comecei a fazer", completou.

Lula afirmou que seguirá seu roteiro de inaugurações pelo país até a realização da convenção do PT que definirá o candidato do partido à reeleição. "Eu sou presidente da República até dia 31 de dezembro de 2006. A convenção dos partidos, o último dia delas é 30 de junho. Portanto, enquanto não houver convenção partidária, enquanto eu não me colocar como candidato, eu vou viajar pelo Brasil fazendo aquilo que eu tenho que fazer."

Questionado sobre o que achava da "lista de Furnas" –relação sem autenticidade comprovada que relaciona 156 políticos que teriam recebido dinheiro por meio da estatal nas eleições de 2002–, Lula afirmou que não era problema dele e encerrou a entrevista.

A passagem de Lula pela capital mineira teve contornos de campanha eleitoral. Logo na chegada na base aérea da Pampulha, por volta das 16h30, um grupo de 200 militantes esperava o presidente –a maioria havia sido levada até lá em ônibus por um vereador do PPS de Belo Horizonte.

Numa cena incomum nas chegadas de Lula a BH, os militantes foram autorizados a se aproximar do presidente, que chegou a pegar uma criança no colo. No meio dos militantes, uma faixa trazia os dizeres: "Queremos Lula para 2006".

Dentro da UFMG, no local onde está sendo construída a nova sede da escola de engenharia, o presidente cumprimentou alguns poucos militantes que puderam entrar. Dirigiu-se até os operários da obra, que tiveram o expediente encerrado mais cedo, e conversou com alguns deles.

Perguntou se todos eram de Minas Gerais e brincou com o operário Valdinei Pacheco, 27, que usava um walkman –perguntou o que ele ouvia e se ele escutava música durante o trabalho. Militantes puxaram o coro: "Um, dois, três, Lula outra vez."

Lula disse que não irá interpelar judicialmente prefeitos e governadores em campanha por estarem inaugurando obras. "Não vou interpelar. Acho que cada um tem o direito de inaugurar. Quem fez inaugura, quem não fez lamenta."

Crítica a FHC

Durante seu discurso, feito de improviso e intercalado por aplausos da platéia quase sem estudantes, Lula teceu uma crítica velada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor no cargo. Ao comentar que era o único presidente a ter recebido "todos os reitores [de universidades] juntos". "Nunca ninguém tinha recebido, ou seja, e gente do mesmo meio", afirmou, em provável alusão ao passado acadêmico de FHC.

Fonte: Folha Online

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