Fora do governo, Ciro ataca PT e Palocci

Em entrevista convocada para que fizesse um balanço de sua gestão no Ministério da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB-CE) despejou ontem ataques diretos ao PT e indiretos ao ex-ministro Antonio Palocci Filho, que deixou o governo sob a acusação de ter articulado a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

"Se algum poderoso invadiu uma franquia democrática do Francenildo, eu quero que pague e pague caro, pela falta de escrúpulo e pela burrice com que se comportou no episódio", disse Ciro, pouco depois de ter defendido o "humilde personagem" Francenildo e ter elogiado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por demitir o "homem mais poderoso" do governo petista.

"O Palocci foi demitido. O homem mais poderoso, no jargão da imprensa, foi demitido. Ou seja, o presidente Lula, que porta a hegemonia moral do país no Executivo, não contemporizou. Quando ele entendeu que havia uma transgressão, ele agiu", afirmou.

Ciro disse não ser o "monstrengo" e "malucão" (imagem, segundo ele, criada pelos tucanos), fez elogios a Lula e atacou a "demagogia" da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pelo ato em defesa do caseiro.

A crítica à seção paulista da OAB ocorreu quando questionado se havia um clima de "golpe" contra o governo. "Alguém ainda fez isso [tentativa de golpe] em um ato na OAB. Foi uma exploração demagógica de um humilde personagem da vida social brasileira. Meia dúzia de burguesotes à toa fizeram discursos pelo impeachment do presidente."

Antes disso, porém, criticou a forma como o PT se apresentava em relação à ética. "Aquele comportamento de monopolista da ética, tem dez mil discursos meus denunciando lá atrás. Pára com isso, que papo é esse?"

Ao sugerir a possibilidade de falha humana quando alguém chega ao poder, Ciro citou o escritor e filósofo francês Montesquieu (1689-1755). "O homem é falho. Mesmo um homem honesto, mesmo bem intencionado, mesmo um homem virtuoso, ao alterar o poder, é falho, frágil, vulnerável, por coração, por omissão. É o poder que tenta (…) Então não temos que ter um susto com isso. O PT não leu Montesquieu, e vivia fazendo essa história, com o chicote moral da nação."

E prosseguiu: "E uma parte desse calor [denúncias] não é eleitoral. Aí é 80% eleitoral, 10% real e 10% vingança. Não tem um camarada desses aí que não tenha um petista atravessado na goela."

Ontem, Ciro levou o ex-secretário-executivo Márcio Lacerda ao local da entrevista. Ele fora exonerado do cargo no ano passado assim que seu nome apareceu como um dos supostos beneficiários do caixa dois petista. Inocentado pela Polícia Federal e pela CPI dos Correios, Lacerda pode retornar à pasta com a ascensão de Pedro Brito ao cargo de ministro.
"Eu queria, neste ato, reparar uma injustiça que por meses a fio feriu uma pessoa e, mais do que uma pessoa de fibra, uma família honrada, digna, simples, que em meio aos escândalos foi injustamente envolvido.
Eu já sabia, desde o primeiro momento, da sua inocência."

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