Competências duráveis

Ainda hoje ouvimos frases como esta: “compramos os melhores equipamentos, investimos em treinamentos, buscamos a excelência no que fazemos, mas não dá certo. Tudo continua como antes. Os programas, que funcionam bem no Japão e em outras partes do mundo, não se aplicam na cultura brasileira. Nosso povo pensa diferente, age diferente. Temos que encontrar um modelo de gerenciamento próprio para aplicar aqui no Brasil”.

Muito provavelmente, o insucesso experimentado por várias empresas e órgãos públicos que tentam buscar a excelência e não obtêm os resultados desejados se dá devido à falta de envolvimento das pessoas. Quando o corpo funcional não está educado para tal, a possibilidade de qualquer uma das técnicas hoje existentes dá certo é mínima. Nessas condições, todo e qualquer investimento realizado não dará os resultados esperados.

Numa época onde os avanços tecnológicos em qualquer setor da produção ocorrem em alta velocidade, provocando uma destruição rápida dos conhecimentos específicos dos profissionais, resta às empresas e órgãos públicos investirem prioritariamente nas competências duráveis de seu quadro de pessoal, garantindo atitudes, posturas e tudo aquilo que, em pouquíssimo tempo, não será superado por causa da rapidez da tecnologia.

Afinal de contas, as organizações são constituídas por pessoas e os fatores que determinam a eficácia e mudam os resultados observados, estão diretamente ligados aos valores e ao modo de pensar e agir do pessoal que as compõem.

Além disso, a empresa moderna e com visão de futuro deve ter bem nítida a importância de trazer para o seu quadro de colaboradores, profissionais com valores que facilitem o aprendizado coletivo. Pessoas com capacidade estratégica de criar coisas inéditas, de ter visão sistêmica e abrangente, de fazer acontecer, de introduzir mudanças que busquem continuadamente um autodesenvolvimento e aprendizagem permanente.

Não existe uma “receita de bolo” que possa ser aplicada a toda e qualquer empresa. Para cada organização haverá um diagnóstico que identificará as causas do atraso. O fundamental é encontrar o caminho correto para torná-la eficaz. Muitas soluções, embora sejam bem planejadas, não funcionam, porque não são sistêmicas. Não atacam o todo. É como se, por exemplo, um doente extraísse um tumor do corpo, mas não mudasse o estilo de vida, da alimentação, das posturas, dos valores, etc.

Outro ponto muito importante e que não pode ser esquecido é a velocidade do processo. Há casos em que a solução apresentada para uma dada empresa é até boa, porém a lentidão, a falta de atalhos criativos, impossibilita que os resultados possam acontecer no tempo preciso. Na corrida para conquistar o reconhecimento dos clientes, os que têm maior agilidade e flexibilidade, conseguem alcançar resultados mais favoráveis.

O futuro da sociedade dependerá da efetiva aplicação de competências duráveis absorvidas pelos jovens que conduzirão os destinos de nosso país. A família, a escola, a sociedade, a mídia, têm uma influência decisiva nesse processo.

*Superintendente da SMCCU, Engenheiro Civil, Professor da UFAL, Mestre em Administração, Consultor em Gestão de Pessoas, de Processos e na Formação de Líderes.

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