Governo e entidades discutem plano nacional de prevenção ao suicídio

O Brasil poderá ter, em 2007, um plano nacional de prevenção ao suicídio. As diretrizes estão sendo discutidas por um grupo de trabalho formado por representantes do governo, organizações civis e universidades. Se aprovado, o país será o primeiro da América Latina a ter uma política nesse sentido.

O grupo, foi instituído por meio de portaria assinada pelo então ministro da Saúde, Saraiva Felipe, em dezembro de 2005 . Desde então, o suicídio passou a ser considerado uma questão de saúde pública no país, seguindo a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com o coordenador das Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, Carlos Felipe Almeida, a idéia é apresentar o plano ainda este ano à Comissão de Seguridade Social e da Família da Câmara dos Deputados.

“O suicídio é um problema de saúde pública, que afeta toda a sociedade, mas que pode ser prevenido”, observa. “O objetivo do plano é reduzir os suicídios, as tentativas e os danos sociais causados por isso”.

Uma das diretrizes é sensibilizar a sociedade e mostrar que o suicídio não está limitado ao indivíduo, às famílias ou amigos que enfrentaram a situação: ele afeta a sociedade, o Estado e instituições como escolas, por exemplo. “O suicídio envolve questões morais, éticas e até tabus. Claro que o drama do suicídio continuará sendo pessoal, mas a sociedade pode passar a abordá-lo de uma forma coletiva”, diz Almeida.

Outra estratégia é investir em políticas de cuidados integrados, que incluem a garantia de acesso às diversas modalidades de terapia, a promoção de qualidade de vida e a prevenção de danos. “Quando se pensa em prevenção, é preciso voltar-se para os jovens, porque a taxa de suicídio nesse grupo tem subido ao longo dos anos”, diz o coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e Prevenção do Suicídio da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Tavares.

Fatores que parecem conselhos saídos de prateleiras de auto-ajuda são, na verdade, mecanismos de proteção ao suicídio. Ter uma vida saudável, estar envolvido em projetos ou atividades que tragam satisfação pessoal e dêem a sensação de que a vida é significativa. Estar bem consigo mesmo, manter relacionamentos pessoais, ter valores em que acreditar e um amigo em quem confiar.

"Não estamos falando de algo grandioso, mas de coisas que dão sentido à vida. Pode ser uma aula de dança ou um projeto de viagem", diz Tavares. "São coisas que têm importância para a pessoa, que abrem relacionamentos, perspectivas e dêem significado à vida".

O plano inclui, ainda, melhorias nos sistemas de informação sobre o suicídio e a promoção do intercâmbio dessas informações. “Por exemplo, dados sobre intoxicação por medicamentos ou pesticidas são importantes quando se coletam informações sobre tentativas de suicídio”, diz o coordenador do ministério.

Investir na educação permanente de profissionais da saúde é outra diretriz. “Muitas vezes, esse profissional não sabe identificar um comportamento suicida, e isso é um importante mecanismo de prevenção”, diz Almeida. "A forma de atender esse paciente abre a possibilidade de essa pessoa se sentir confortada e de ser encaminhada para tratamento".

Por fim, o plano recomenda o apoio a estudos e pesquisas que envolvam o tema, bem como a organizações da sociedade que trabalham a questão, como o Centro de Valorização à Vida (CVV), uma das entidades que compõem o grupo de trabalho.

Fonte: Agência Brasil

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