A serpente de bote armado sacode a ponta do rabo num tilintar frenético; na sua frente o Tejo paralisado prepara a defesa com o rabo comprido e pontiagudo. Não é peleja fácil, caros internautas, mas é a suprema obra da natureza.
A cascavel pica o Tejo, que não morre porque sabe que no tronco do umbuzeiro ou da quixabeira cresce o ramo que produz uma batata hospedeira – que contém o antídoto contra a picada da cascavel.
Quando é picado pela cascavel o Tejo corre até o tronco do umbuzeiro ou da quixabeira, dá uma mordida na batata e volta para brigar – e mata a cobra com os golpes desferidos com o rabo.
A carne do Tejo é saborosa, tem gosto de carne de galinha. Mas, para prová-la é preciso ter certeza de que Tejo não foi picado pela cascavel; e se foi picado, é preciso saber se comeu da batata para se imunizar contra o veneno.
Mas, caros internautas, quem foi que ensinou ao Tejo que aquela batata fedorenta (eu provei) que parece batata-de-pulga contém o antídoto contra a picada da cascavel?
Em que Escola de Medicina o Tejo estudou capaz de saber mais que os humanos, que ainda não estudaram essa batata?
Sou um apaixonado pelo Sertão e cada dia mais me impressiono com a sabedoria daqueles seres que os compêndios escolares tratam como irracionais.
Por exemplo: quem ensinou métodos de Engenharia Hidráulica ao umbuzeiro, que construiu um sistema de irrigação próprio e com vários reservatórios de água enterrados em torno do tronco?
O umbuzeiro resiste a seca porque aprendeu a armazenar água, do mesmo modo que a vegetação espinhenta do semi-árido é a defesa contra predadores que retiram a capacidade de resistência dos vegetais à estiagem.
Vendo assim a natureza com tanta cumplicidade recordo o Alceu Valença, no show “Vou danado pra Catende”:
– O que prende demais minha atenção/ É um touro raivoso na arena/ Uma pulga do jeito que é pequena/ Dominar a bravura de um leão/ Na picada ele muda a posição/ Pra coçasse de pressa com certeza/ Não se serve da unha nem da presa/ Se levanta da cama fica em pé/ Tudo isso provando quanto é/ Poderosa e suprema a natureza.