Entidades e gestores discordam sobre distribuição de medicamentos excepcionais

João Urtiga / Alagoas 24 HorasDSC_0026

A dificuldade diária de pacientes com problemas renais e ademais excepcionalidades da rede pública de Alagoas em conseguir medicamentos junto à Farmácia de Medicamentos Excepcionais (Farmex) foi debatido na manhã desta sexta-feira (19) na sede do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), no Trapiche. Além da presença do sindicato, outras entidades participaram do debate como o Conselho Estadual de Saúde (CES), Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) e Ministério Público.

Sem chegar a um acordo quanto à resolução do problema no fornecimento, que sofre com atrasos constantes desde o ano passado, CES, Sinmed e Sesau divergem quanto à causa das interrupções que fazem com que cerca de 1.400 pacientes (somente da rede de hemodiálise alagoana) deixem de receber as drogas e itens essenciais para sobrevivência.

João Urtiga / Alagoas 24 HorasJosé Wilton disse que não toma com regularidade os medicamentos por conta na interrupção de medicamentos

José Wilton disse que não toma com regularidade os medicamentos por conta da interrupção (João Urtiga / Alagoas 24 Horas)

“Eu não tomo medicamento com a dosagem adequada desde novembro de 2015. Faltam fitas para tomar insulina, então tudo é muito complicado”, destaca José Wilton da Silva, presidente da Associação dos Renais e do Conselho Estadual de Saúde.

Para a secretária de Saúde, Rosangela Wyszomirska, a falta de medicamentos para a insuficiência renal como as  cápsulas de cálcio, insulina e fita ocorre por ausência na distribuição de uma farmácia específica e que agora está tendo o seu contrato revisto junto ao estado.

“Todos os medicamentos que causam esses problemas são de uma farmácia específica, pois ao todo temos quatro tipos de drogarias dentro do Estado. Esses que vocês estão falando são itens de uma farmácia especializada, e nesse grupo nós temos mais de 150 itens, mas quatro estão com problemas. Ou seja, ao todo é um percentual muito baixo de falta porque temos estoque da grande maioria”, destaca a secretária.

João Urtiga / Alagoas 24 HorasRosangela Wyszomirska

Rosangela Wyszomirska atribui problema aos laboratórios (João Urtiga / Alagoas 24 Horas)

Wyszomirska reconhece o atraso na distribuição e atribui à falta de interesse de fornecedores em fechar contrato com o estado, bem como a não honraria nos compromissos daquelas empresas que possuem acordo, mas que, de alguma maneira, não realizam o repasse. “Não é falta de dinheiro nosso não, o problema é o trâmite burocrático, as tentativas de pregões e que às vezes não aparece nenhuma empresa para fornecer e aí tem que ser feito tudo novamente. Tivemos dificuldade com algumas empresas na entrega e agora a empresa contratada não fez a entrega, então estamos procurando outra opção até conseguir normalizar a entrega”, justifica.

João Urtiga / Alagoas 24 HorasWellington Galvão disse que protocolo da saúde só existe para atrapalhar os pacientes (João Urtiga / Alagoas 24 Horas)

Wellington Galvão disse que protocolo da saúde só existe para atrapalhar os pacientes (João Urtiga / Alagoas 24 Horas)

Seguindo outra linha de raciocínio, o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão, atribui ao protocolo clínico formalizado pelo Ministério da Saúde o maior entrave na relação médico, paciente e liberação dos medicamentos. “A burocracia está a serviço da morte. Esse protocolo é absurdo e por isso requerem que nós solicitemos aos pacientes exames a cada três meses, com relatórios imensos, tudo no intuito de dificultar o acesso ao medicamento”, denuncia.

Para Galvão, o protocolo não foi feito por profissionais da saúde e sequer possuem formações especializadas na área de ciências médicas como a neurologia. “Com isso, esses constantes atrasos no tratamento podem representar o fim da vida de uma pessoa”, destaca.

Ainda assim, para Wyszomirska a visão do médico é distorcida e não representa o principal foco do problema. “A visão é um pouco distorcida, pois os protocolos são necessários e a solicitação de exames periódicos são necessários para o controle, acompanhamento e o benefício do paciente. Eu sou médica, eu tenho pacientes com doenças crônicas que precisam de medicamentos com efeitos colaterais graves e que têm que ser monitorados. Essa é a base da existência dos protocolos, para a proteção dos pacientes”, justifica.

A reunião entre as entidades é acompanhada de perto pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE). O caso está sendo acompanhado de perto pela promotora de Justiça Micheline Tenório.

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