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A farra das enchentes, com ajuda federal

Os prefeitos de Alagoas comemoram, com copos de uísque na mão, a liberação de milhões de reais, pelo Governo Federal, para as áreas afetadas pelas enchentes. As imagens causaram um clima internacional de comoção- e os gestos de solidariedade mostram o calor da nossa humanidade- mas este mesmo clima- o de comoção- embala prefeitos e famílias que dominam a região dos vales do Mundaú e Paraíba desde os tempos de Zumbi, com a diferença que estes gritos se levantam a quatro meses das eleições.

Uma “indústria da cheia”- esta mais silenciosa- pode tragar muito dinheiro para ajudar a eleger os descendentes dos clãs do Mundaú e do Paraíba, fomentando a miséria em uma região-bem antes da cheia- castigada por administrações públicas pífias e desleixadas na transparência. Para não dizer corruptas, incomodando o bebedor profissional.

É verdade que uma barragem rompeu em Pernambuco, despossuindo material e psicologicamente milhares de famílias. Mas, também é verdadeiro que o rio Mundaú é castigado há séculos pelo assoreamento e a devastação da Mata Atlântica, dando lugar às plantações de cana de açúcar, gerando as relações econômicas conhecidas nos dois vales. Rios antes navegáveis, caudalosos, como o rio da Coruja, em Santana do Mundaú, elemento de prosperidade em uma região infelizmente castigada por uma classe política bastante conhecida nos corredores do Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União. Não exatamente pelos seus gestos de solidariedade ou excelentes gestões.

De um lado, estão os fazendeiros, os usineiros, os políticos de destaque em Brasília; do outro, uma legião de miseráveis, os analfabetos. Os despossuídos de quase tudo. Até da certeza de serem alagoanos, como a mulher do seu Antônio Buchudo, em União dos Palmares, que perdeu o marido, o filho, o mercadinho da família e está internada em Maceió, quase enlouquecida de dor.

E esta mesma dor ética, moral, econômica é sim uma das principais responsáveis pelas imagens correndo o mundo do nosso Haiti.

O Haiti, neste caso, não é apenas aquele varrido por um terremoto mas aquele que é dominado por nove famílias, massacrando e empobrecendo os braços de um povo e poderosos grupos financeiros derrubando administrações sem consonância com os gestos norte-americanos.

Em nosso Haiti, dominam as famílias do açúcar e dos herdeiros de políticos, transformando o mesmo povo nos varredores de seus quintais.
Agora, o povo varre seus próprios quintais, abarrotados pela lama ou pela carniça, a mesma que impede um ar respirável em Santana do Mundaú.

Isso porque a lama e a carniça fedem mais na boca cheirando a uísque. Ela comemora a fartura de uma verba federal derramada em cidades com poucas chances de fiscalização (um quadro facilitado pelos decretos de calamidade pública) e em tempos de eleição, sem tanta facilidade de circulação do dinheiro da Assembleia Legislativa capturada pela taturana.

No caso dos vales do Mundaú e da Paraíba, a taturana se transformou em vários cassacos- os da administração pública.

PS: Peço desculpas aos leitores pela ausência (médica).

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