A última semana de Vilela, Collor, Lessa e Renan

Está marcado para amanhã mais um périplo do senador Fernando Collor (PTB) por Alagoas, insistindo que será candidato a governador. Ao mesmo tempo, faz as negociações com o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) e o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).
São lances técnicos. Lessa terminou a semana passada carregando o pesado carimbo da inelegibilidade, após a aprovação do projeto Ficha Limpa. Em Alagoas, o ex-deputado José Dirceu, coordenador de campanha de Dilma Rousseff, tentou flexibilizar a imagem arranhada de Lessa. E, sabendo dos riscos com o ex-governador, conversou com Collor. Por enquanto, o PT foi indicado a vaga de vice de Lessa. Fica como está, não se sabe até quando.
Collor- elegível, por enquanto- prossegue amanhã sua ronda em candidatura sem empolgação, ruminando silêncio com a imprensa, em discursos cuidadosamente construídos. Preferencialmente, sem críticas a ninguém. O Collor versão 2010 é bastante diferente do Collor 2002, contra Lessa. Falará da saúde, da educação, da pobreza. Aparente neutralidade, que preserva os contatos.
Soprou-lhe o agouro do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, de não indicar-lhe o vice. Mas, Renan estendeu a mão em aliança branca. Collor apoia Renan contra a vereadora Heloísa Helena (PSOL), solta como nunca na disputa ao Senado.
Vilela- sem vice e no ritmo que lhe é peculiar à reeleição, esperando Renan e todos- costura seu vice, que deverá ser resolvido com o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP). Mas, ele teria de embarcar na nau da trairagem, deixando Lessa no porto dos esquecidos. O gabinete do prefeito insiste nas vantagens tucanas. Nau da trairagem esquenta os motores.
Collor remói seu silêncio. Almeida também tem o seu.
E Vilela teria de arranjar um espaço a Alexandre Toledo, prefeito que renunciou ao cargo em Penedo, até hoje por motivos pouco conhecidos. O xadrez é estudado pelo secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado.
Lida-se ainda com os lances silenciosos do deputado federal Benedito de Lira (PP), enquanto corre por fora o advogado José Costa, do PPS. Um xadrez técnico demais. E pesado demais.
Na última semana das convenções- descontando o 6 de julho, quando tudo pode ser rasgado- Collor, Lessa, Renan e Vilela permanecem em lados diferentes na votação. E gesticulando um para o outro o tamanho dos seus palanques.