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A violência nossa de cada dia

Não dá mais para acreditar que a violência em Alagoas é fruto unicamente de pobres deserdados pelo campo; nem se crer que os bolsões de miséria e o crescimento do crime estão intimamente ligados, a ponto de se refletir em números. Afinal, pensando desta forma, seria inevitável perceber que os pobres geram a violência. E ela não é (nem nunca foi) classista.
Maceió se tornou uma das capitais mais violentas do País. Mais ainda que as capitais nordestinas e São Paulo e Rio de Janeiro, no Sudeste. Tudo proporcionalmente. Aqui, há os ingredientes da pistolagem, da impunidade, do avanço das drogas, da burocracia (levando ao desestímulo), desde a construção de um simples Boletim de Ocorrência em uma delegacia, passando pela desestrutura do prédio, até um morador de rua, assassinado porque teve o atendimento negado por um hospital ou o corpo recusado pelo rabecão do Instituto Médico Legal (IML) e posto diante de uma delegacia. E o ciclo se repete porque a delegacia tem seu outro retrato. O do caos.
Certamente matar pessoas não é um passatempo para ninguém. Mas, eliminar 2.064 delas, no ano passado, e mais 200, pelos cálculos preliminares da polícia para este ano, causa estranheza. 90% destes inquéritos não têm provas ou testemunhas. Seguem para a não-solução; alguns nem são apurados. Neste contexto, um ensino público abarrotando pessoas nas salas de aula sem carteiras escolares ou professores; hospitais públicos sem funcionar, porque o Programa Saúde da Família quase não existe em Maceió; e o atendimento no Hospital Geral do Estado, tão fictício porque falta tudo. Até um ambiente de valorização profissional do local com uma cena de guerra a cada dia, vencida pelos funcionários e por mais ninguém.
O arcebispo de Maceió, D. Antônio Muniz, acerta ao dizer que a única política pública nas grotas, favelas, enfim, nos bolsões de miséria em Alagoas é o carro da polícia, à procura do bandido nestes lugares; e o delegado Geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco, acerta também ao dizer que se existe o crime, há responsáveis. Mas, não estão na polícia. E sim na falta de políticas públicas.
Errada está é a falta de uma rede para reconstruir o tecido social alagoano; assim como errados estão os projetos que nunca saem do papel, como a abertura de escolas aos finais de semana. Isso- comprovadamente- poderoso instrumento de diminuição da violência.
Pelo visto, o combate a violência em Alagoas é feito por amadores. E eles não estão na polícia. São amadores com projetos mirabolantes sem funcionar. Alguns importados, como a vinda do ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus, um desperdício sem fim de dinheiro público, atestado público de incapacidade aos estudiosos do fenômeno da violência pelas bandas alagoanas.
Não é o único exemplo, mas ilustrativo do maniqueísmo dos perdulários.
E o combate a violência segue como a administração brasileira no período colonial, com os nobres nomeados pela Coroa. E eles nem sabiam onde ficava o Brasil.

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