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‘Colar’ em Lula ajuda Téo, Collor e Lessa

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Cícero Péricles

A análise é do professor de Economia da Ufal, Cícero Péricles de Carvalho. "O crescimento da candidata do PT, em Alagoas, não se deve exclusivamente ao esforço dos partidos da base governamental. É resultado, principalmente, da transferência de prestígio e da confiança da população em um nome apresentado pelo Lula". Veja entrevista:

Por que Dilma cresce e Serra cai?

Dilma cresce pelo desempenho do governo Lula, avaliado como bom, ótimo ou regular por 94% da população brasileira. Cresce pela identificação com algumas conquistas desses últimos anos: aumento do salário mínimo, 12,5 milhões de novos postos de trabalho, transferência de renda para milhões de pessoas e outros benefícios que marcaram o governo Lula. Esse é um fenômeno nacional, mas com tradução em cada estado. Em Alagoas, mais de 900 mil pessoas (beneficiários da previdência e trabalhadores com carteira assinada) ganharam renda com o aumento real de 60% do salário mínimo. Mais de 130 mil novos postos formais de trabalho, com carteira assinada, foram criados entre 2004 e 2009. O programa Bolsa Família atende a mais de 400 mil famílias. E mais de 400 mil alagoanos saíram da linha da indigência. É muito forte a presença dos programas federais como “Luz para Todos”, “Minha Casa, Minha Vida”. Isso sem contar a explosão do consumo. A população quer a continuidade desse modelo de desenvolvimento e o candidato do PSDB está com dificuldades de explicar suas críticas e alternativas.

As pesquisas dão vantagem a Dilma Rousseff, mas se percebe em Alagoas que o eleitor rejeita mais o senador Fernando Collor (PTB), que pede votos a Dilma, que os tucanos, liderados pelo governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Por que?

Excetuando o candidato do PSol, todos os demais candidatos a governador – Collor, Ronaldo e Téo – colaram, de forma especial e particular, suas imagens a do presidente Lula. Até disputa judicial aconteceu para definir de quem é o domínio. As pesquisas mostram uma quase unanimidade nacional em torno do Lula. Esse fenômeno é ainda mais sentido nos estados nordestinos. Inteligentemente, todos os candidatos querem captar parte dessa simpatia. Ronaldo Lessa é o candidato apoiado pelos partidos base de sustentação do governo Lula e, portanto, é o preferencial da campanha Dilma. Ele quer a exclusividade. Téo Vilela teve – e tem – um excelente relacionamento com o Governo Federal, do qual recebeu apoio para sua gestão. E usa a imagem de Lula. Na coligação tucana estão o PP e o PSB que, no plano federal, apóiam Lula. E importante: a aliança liderada pelos tucanos não faz a campanha do Serra. E Collor é publicamente um senador da base federal no Congresso e se assume como um candidato de apoio a Dilma. Como dos três candidatos, dois – Collor e Lessa – demonstram apoio a Dilma e o do PSDB não hostiliza a candidata a candidata do PT, fica difícil dizer que os índices de rejeição as candidaturas locais são influenciados ou têm relação com campanha para presidente.

Até que ponto o depoimento do presidente Lula interfere ou muda o curso da eleição em Alagoas? O presidente só pediu votos, em Alagoas, ao líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros.

A interferência do presidente Lula chega diretamente no apoio a Dilma Roussef. O crescimento da candidata do PT, em Alagoas, não se deve exclusivamente ao esforço dos partidos da base governamental. É resultado, principalmente, da transferência de prestígio e da confiança da população em um nome apresentado pelo Lula. Os candidatos ao governo do Estado e ao Senado poderão ser beneficiados, mas numa escala reduzida, pelo pedido público, no horário eleitoral, do presidente Lula. Aqui, diferentemente dos vizinhos Sergipe e Pernambuco, não existe um forte identidade entre o presidente e os candidatos majoritários. Em Sergipe, Marcelo Déda é um quadro antigo do PT e amigo pessoal de Lula; e em Pernambuco Lula vem apoiando a reeleição de Eduardo Campos desde o começo do segundo mandato. Somente este ano, Lula já visitou seis vezes Pernambuco, onde ocorrem os maiores investimentos federais no Nordeste. Em Alagoas, um pedido de Lula ajuda, mas não é o definidor maior dessa campanha estadual.

Em 2010, o papel da esquerda em Alagoas é praticamente nulo. Por que os partidos não conseguem “engordar” na disputa?

No sentido eleitoral, a esquerda sempre foi pequena em Alagoas, mesmo quando elegia parlamentares ou participava de coligações majoritárias. Por falta de projeto político claro, de organizações sólidas e de inserção social mais efetiva, ela não consegue os mesmos resultados que são obtidos em outros estados, inclusive os nordestinos. No entanto, não se pode considerar “nula” essa presença nas eleições atuais. Os partidos da “esquerda política”, como o PDT, PT e PCdoB estão coligados e liderando a eleição para governador, segundo o Ibope; ou estão em segundo lugar, segundo o Gape e Ibrape. O PSol deverá eleger Heloísa Helena para o Senado, segundo todas as pesquisas até agora apresentadas. Eleger uma senadora e formar uma coligação competitiva para o Governo do Estado não é pouca coisa para uma esquerda pequena.

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