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Depois das chuvas, festas sem licitação

Cidades de Alagoas atingidas pelas enchentes e que precisam de verba federal e estadual para reconstruir casas, estradas e pontes não adiaram as festividades juninas e ao invés de gastar dinheiro em cestas básicas, colchonetes ou ajudar na retirada de pessoas dos abrigos, não economizam para contratação de grupos musicais, bandas, artistas individuais, além de empresas para a montagem de palcos, camarotes, seguranças e outras exigências das festas mais tradicionais do Nordeste. O caso é investigado pelo Ministério Público Estadual.
Em Marechal Deodoro, litoral Sul de Alagoas, a Prefeitura organizou o São João mais caro do Estado: R$ 999.950,00. R$ 99.950 virão dos cofres da Prefeitura, sem licitação, conforme o Diário Oficial do Estado. A maior parte da verba é do Ministério do Turismo. Até a última sexta-feira, famílias esperavam uma casa ou mais ajuda, em escolas, transformadas em abrigos pelo município. “Marechal gasta no São João e gera renda para ambulantes, há retorno para eles. Estamos trazendo bandas de nível nacional. Há o lado positivo. As pessoas não ficam desassistidas. Estamos colocando R$ 100 mil e o retorno será maior”, disse o prefeito, Cristiano Matheus (PMDB). “A cidade nunca viu uma festa igual a esta. Se não fizéssemos, seria uma perda para a cidade e para Alagoas”.
São José da Laje, também atingida pelas fortes chuvas e que decretou emergência por não ter dinheiro nos cofres para ajudar na reconstrução, gastou R$ 297.500,00, também sem licitação. “Eu me preocupei com isso porque, em março, o funcionalismo não recebeu salário. O novo prefeito só tomou posse em abril. Os assessores conversaram comigo, disseram que a União, por causa da crise financeira internacional, passava valor a menor. Achei estranhos os custos da festa. Por isso, pedi informações sobre os valores”, explicou o promotor de São José da Laje, Jorge Dórea. “O problema é que se tem qualquer chuva e se decreta emergência. Acho uma festa assim inoportuna. Se em casa eu não pago minha empregada e a luz, é porque não tenho dinheiro para ir a uma festa”, contou.
Em Quebrangulo, o prefeito Marcelo Lima (PMDB) gastou R$ 30 mil, também sem licitação, conforme publicação oficial do Estado. “As bandas são todas locais. São várias festas, quadrilhas. Tudo está neste pacote, de R$ 30 mil. É irrisório”, avaliou o prefeito. E o decreto de emergência? “Não houve mortes. Os comerciantes da cidade queriam a festa, isso para ajudar as pessoas. A festa é um incremento à cidade. Eu poderia ter quebrado o contrato para as festas juninas, mas pagaria uma multa. Isso foi feito antes das chuvas. Analisamos melhor e discutimos com as pessoas”, informou o prefeito.
“Quero deixar claro que Quebrangulo não recebe ajuda para os desabrigados, apesar do decreto de emergência. A Prefeitura comprou colchonetes, cestas básicas. Nada chegou do Governo Federal e Estadual”, contou o chefe do Executivo.
Em Alagoas, 28 cidades decretaram emergência, por causa das chuvas. Levantamento da Associação dos Municípios (AMA), a representação dos prefeitos, indica que serão necessários R$ 18 milhões para recuperar o que a chuva não trará de volta. Pelos dados da associação, a região mais atingida é o Vale do Paraíba.
Pelo balanço da AMA, 29 cidades foram atingidas pelas enchentes ou 60 mil pessoas, ao todo. Oito mil ficaram desalojadas e 2,5 mil desabrigadas.
“Acho que não é prioridade o Ministério do Turismo enviar dinheiro para festa ao invés de recuperar as cidades”, finalizou o promotor Jorge Dórea.

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