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Instantes de leitura

“… e o governador gostava do seu Governo. Ele estava feliz porque governava seu Estado do seu gabinete. Da janela, a beleza prosperava, as rosas não tinham espinhos. Eram a perfeição na Terra.
Sua janela transmitia-lhe o ar maravilhoso de seu Governo. “Como tudo isso é bom”, dizia. E assim era feito.
As obras dos programas de recuperação de saneamento básico, distribuição de águas e o fim da seca no deserto não eram exatamente suas, mas do rei. A sabedoria do povo lhe entristecia porque o povo sabia disso. E não acreditava nas palavras do governador.
As janelas do governador não haviam corrigido os defeitos da psicologia humana. Com um Governo tendo um banho de cultura, os vidros não haviam projetado uma fórmula- talvez matemática- para distribuir três pratos por dia de comida e diminuir as insatisfações das exclusões.
O governador era um homem de fórmulas simples e genéricas. Os discursos eram de improviso ou copiados, as circunstâncias para isso dependiam da nobreza da solenidade. Com os homens sem-terra, arregimentados pelo interior e manobrados pelas circunstâncias da miséria, o governador não os recebia.
Afinal, era repugnante a cor dos pardacentos. Lembravam os jardineiros de seu edifício ou as ‘piniqueiras’ de sua cozinha.
Mas, o governador procurava-se escapar destas naturezas inferiores. Transformara seu Governo em uma profissão de fé. Era o Ser Supremo daquela raça, tudo sob orientação de forças sobrenaturais. Por esta profissão de fé, combatia nervosamente. De seu gabinete, decretava o fim da falta de água, dos esgotos, da crise política.
Em seus decretos, o povo era menos tolo e mais honrado. Nas ruas, a força da tinta não alterava o Estado imaginado da janela do Palácio.
A bondade do governador era confundida com a lentidão de seu caráter”.

Trecho do livro “A Era dos Macabeus”, página 36. Autor: Vonarelli.

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