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O atraso e nossa selvageria

O professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Fernando Lira, tem um diagnóstico para o próximo governador de Alagoas. Para conseguir administrar o Estado, ele terá de resolver pelo menos dois gargalos: a falta de mão de obra qualificada e o comprometimento da receita corrente líquida do Tesouro, hoje em 15%.
Por causa deste comprometimento, Alagoas envia R$ 300 milhões por ano a União, resultado dos empréstimos fracassados, cujo avalista é o Governo Federal.
"O próximo governador precisa diminuir este comprometimento para 5%, não mais que isso. E alongar o perfil da dívida alagoana. Feito isso, o governador terá flexibilizado a máquina para a realização de investimentos, além de contar com incentivos federais e bancos privados", disse Lira.
A questão da mão de obra é tão séria, analisa o professor, que se houver um boom desenvolvimentista, Alagoas não estará preparada para subir na crista da onda. Eis o quadro apontado por ele:
1. O Brasil tem 10% da população analfabeta; Alagoas está com 20%, o maior percentual do Brasil. A empregada doméstica, com baixo nível de escolaridade, tem uma exigência na classe média: saber ler e escrever, para anotar o recado do patrão;
2. Empregos, por concurso público, que pagam mais de R$ 5 mil não são preenchidos por alagoanos. Isso inclui a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com seus quadros quase completamente formados por pessoas de outros estados;
3. Cursos como Medicina, na Ufal e nas Uncisal, estão com notas 2 e 3, as piores no ranking do Ministério da Educação. No caso da Ufal, a nota baixa se repete há três anos consecutivos;
4. Mestrados e doutorados fecham na Ufal por causa do desempenho baixo. Três deles fecharam nos últimos quatro anos;
5. Na outra ponta, nos ensinos médio e fundamental, não há um centro para reciclagem ou de formação continuada dos professores. Isso permitiria que eles estivessem atualizados tanto na bibliografia quanto ao universo global. "A grande maioria dos professores de segundo grau, na rede pública, é analfabeta, no sentido conjuntural. Ou tem pouco estoque de conhecimento na disciplina".
Surgem as dívidas sociais: as grandes redes de supermercado não se instalam no interior por falta de mão de obra, de estradas e infraestrutura (um hospital de médio porte com serviço de qualidade e uma rede elétrica capaz de suportar apagões).
Na instalação de hotéis, exige-se, além da formação, cursos de inglês e espanhol. "As atendentes podem ter as melhores caras ou a melhor beleza física. O turista exige mais".
"Temos apagões na saúde, na educação, no serviço público. O Governo cobra um taxa de bombeiros, mas não cobra impostos dos usineiros. Há empresas que têm incentivos fiscais de 10 anos. E a nossa economia?"
"Fico pensando em Mônaco, um lugar montanhoso. O que eles fariam se tivessem as terras que temos? Temos apenas 0,6% de semiárido. A Paraíba tem 70% e está em situação melhor que a nossa".
"Nosso quadro é tão estagnado, que beira a selvageria".

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