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O estaleiro e a procura do nosso milagre

Na década de 70, setores da imprensa e o Governo diziam que o milagre econômico em Alagoas era investir no Proálcool, injetando dinheiro nas usinas sucroalcooleiras.
Passou-se a década de 70, o milagre não veio, mas ele foi renovado, na década de 80 com o Polo Cloroalcoolquímico de Alagoas. Era a garantia de geração de riquezas.
Os ventos arrastaram o milagre para longe. Outro veio, entre as décadas de 80/90: o turismo. Ele sim seria a saída econômica para a geração de empregos, distribuição de renda. O turismo cresce, o milagre não aparece.
Anos 2000 e o novo milagre econômico de Alagoas, tal como aquele da década de 70, é o Estaleiro Eisa S.A. Como no passado, esse gerará emprego e renda, colocará Alagoas nos patamares de desenvolvimento. Como está próximo de ir embora, sem ter chegado, os “maus alagoanos” é quem afastam a lâmpada mágica, que agora deve ser esfregada em Sergipe ou Pernambuco. Será mesmo?
Os milagres de Alagoas são uma ilusão. Foram desmistificados pelos professores Cícero Péricles, em seu livro Economia Popular: Uma Via de Modernização para Alagoas, e Fernando Lira, em Formação da Riqueza e da Pobreza em Alagoas.
Em comum entre os milagres: falta de planejamento, incluindo o não-enfretamento de problemas básicos: dívida alta, desemprego aliado ao analfabetismo estrutural e infraestrutura precária. Reduzido parque industrial, agricultura com poucos setores dinâmicos e economia informal, incapaz de gerar mais empregos; concentração de renda, diferença salarial, distribuição desigual da riqueza, indicadores sociais negativos.
Mais coisas em comum: serviram para justificar discursos para o combate a crise, sempre insolúvel. Pelos viés “crise”, analisa Péricles, elegeram-se ao Governo: Fernando Collor, Geraldo Bulhões, Divaldo Suruagy, Ronaldo Lessa, Teotonio Vilela Filho. Hoje, a crise renovou o discurso: impedimentos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
É uma análise científica, de dois pesquisadores renomados e respeitados. Mas, os signatários do Governo insistem no fim do desemprego em Alagoas a partir do “milagre” Eisa S.A. e que os “maus alagoanos” afastam nossa lâmpada mágica. Os “maus alagoanos” afastaram R$ 50 milhões da obras da AL 101 Sul. Obra essa investigada pelo Tribunal de Contas da União.
Os "maus alagoanos" têm nomes. O Governo não os denuncia.
Em ano eleitoral, o terceiro maior estaleiro do mundo, o maior da América Latina num mercado naval, como o brasileiros, com R$ 40 bilhões em dinheiro circulante, é um mote para realizações de qualquer chefe de Executivo.
Para a Assembleia Legislativa, como mostrou o blog, o estaleiro pode ser muito mais que a força patriótica, esta manifestada em tempos sebastianos, realidade de pouco dinheiro na Casa de Tavares Bastos e disposição para se reeleger mirando-se os bilhões do estaleiro, e não perder a blindagem política, especialmente a deputados respondendo por assassinato, formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
Milagre na terra
Realidade mesmo é que o milagre de Alagoas, conforme Péricles e Fernando Lira, estão nos investimentos básicos na sociedade, mas principalmente na agricultura familiar. O professor Lira dá algumas sugestões- e baratas: agroindústrias na área sul e lagoas para atender aos turistas; oleicultura e horticultura em áreas de várzeas, para atender aos mercados de Maceió e Recife (para substituir a importação destes produtos); fruticultura, milho, feijão; incentivos maiores a pecuária de corte de pequenos animais (avicultura e ovinos). Para isso, deve-se estimular assistência técnica, capacitação e crédito, em especial aos agricultores familiares, esses os donos do milagre. Sempre costurado com investimentos sociais: educação, saúde, assistência social.
Se se duvida desse milagre, basta anotar estes outros, que ainda permanecem no Estado, mas, como era de se esperar, não poderiam resolver o desemprego, por ele ser estrutural e insolúvel através de indústrias, estaleiros, como podem pensar os governistas e seus seguidores.
Em 1857, a fábrica Carmem era a primeira indústria têxtil de Alagoas, hoje a mais antiga em funcionamento no Brasil. Sucateada, é mote de campanha dos sucessivos prefeitos de Maceió para reabertura de suas portas.
A Braskem ainda é a maior produtora de clorosódio da América Latina, fundada em 1977.
A Sococo é a maior indústria de beneficiamento de coco do mundo, fundada em 1966.
E a cooperativa Pindorama, exemplo internacional de reforma agrária que deu certo. É a maior do Nordeste.

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