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O fevereiro de 30 dias em Alagoas

Os ponteiros do relógio de Alagoas parecem estar congelados no tempo. Catatônicos. Nos últimos 30 dias, foi o boom de suicídios nos presídios; a crise na Assembleia Legislativa, o descredenciamento dos médicos do SUS. E as salas de aula sem professores nem carteiras escolares.

Doses suportadas de forma ainda inexplicável pelo moradores – sempre fortes- das Alagoas. A crise mundial reacende a discussão de uma reforma urgente no capitalismo; em Alagoas, a crise nos ensina que temos risco de surto de tuberculose, coqueluche e dengue. São as heranças do século XIX, quando, lá atrás, o Brasil enfrentava a transição do regime colonial para o capitalismo industrial (e o país não estava nem preparado para isso, era ainda à base de café e cana), Alagoas enfrentava uma pesta de cólera.

O capitalismo torna o mundo desigual, afásico; em Alagoas, o sistema perpetua o caráter nobiliárquico, a tradição das castas, os sobrenomes poderosos, a desigualdade. Falidas, a maioria das famílias tricentenárias tem como único bastião a política. Pais, filhos, mães e sogras disputam cargos públicos. A ostentação conspícua fareja as últimas oportunidades (ou restos) da história.

Exatamente um ano atrás, o ministro da Justiça, Tarso Genro, vinha a Alagoas empossar Paulo Rubim na Secretaria de Defesa Social. Era a intervenção federal. A crise na segurança estava resolvida, era a boca do ministro- e não do governador- quem falava do fenômeno social da violência. Até a Força Nacional e seus 60 homens substituiriam os 7.000 da Polícia Militar.

Nem mesmo o Governo Federal conseguiu mudar a realidade das delegacias alugadas, sem carros e xadrezes, uma polícia desmotivada para a diminuição dos índices de criminalidade, em transição para o aquartelamento, sobrevivendo do bico ou da pistolagem.

O mês de fevereiro teve longos 30 dias este ano em Alagoas, claro, mesclados a Carnaval, uma chuva forte e muito sol. São as crises exigindo de nós espírito crítico, criação de um mundo novo e pensamento em uma sociedade melhor. Mesmo diante das cinzas.

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