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Política tucana contra as drogas e pela eleição

Pode-se acompanhar a evolução dos debates sobre drogas e as eleições de 2010, dentro do governo Teotonio Vilela Filho (PSDB), a partir da criação e composição de nomes da Secretaria da Paz, a pasta do deputado federal Givaldo Carimbão (PSB).
Primeiro, ela existe para tentar acabar com a guerra interna entre pesebistas, insatisfação maior de Carimbão que deixou a administração do prefeito Cícero Almeida (PP) para ingressar nas lides tucanas. Vilela e Almeida estão em lados diferentes, na votação do ano que vem. Apoios são apoios e, para tê-los, são feitas concessões. Neste caso, criou-se uma pasta para Carimbão.
Segundo, as drogas se tornaram um filão de votos, especialmente em Alagoas, terra nacional da violência, conforme levantamentos do Unicef e do Ministério da Justiça. Em dois meses, assim tem sido a sequência das discussões, dentro do Governo, sobre dependentes químicos, que é diretamente ligada à quantidade de mortos no Estado: o vice-governador José Wanderley Neto (PMDB) ajudou a criar um fórum de combate às drogas, mas, o fórum sozinho não tem representatividade porque o trabalho contra as drogas é desenvolvido por entidades da sociedade civil organizada. Estas entidades vão sendo atraídas para o Governo. Na lista, estão o Ministério Público e a OAB.
Vieram as promessas. O Governo quer criar 800 leitos, no Hospital Portugal Ramalho, para atender dependentes químicos. Há dois dias, estas entidades se reuniram na vice-governadoria para discutir, com Wanderley, o fim da cracolândia alagoana, na região do Mercado da Produção. A Fazenda Esperança e a Comunidade Nova Jericó receberam visitas diretas do governador. Sentou-se com meninos e meninas em recuperação para ouvir suas experiências. Era a imagem do Governo de que algo estava sendo feito na preservação da vida. São os ecos de 2010.
Atraiu-se ainda o ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus, às discussões sobre drogas e violência. Em um ano e meio, o número de mortos, ligados às drogas, cresceu, dizem algumas entidades da sociedade civil organizada, mas o Governo crê que diminuiu o rastro de sangue. No Canaã, conforme este blog mostrou, os traficantes sofisticaram a morte dos dependentes endividados: enterram-os vivos. As armas de fogo são poupadas e ressurgem os nefastos métodos dos campos de concentração alemães. Hitler invejaria o convencimento do horror ou a impotência, na busca da paz.
Por outro lado, atualmente, assim vem sendo constatado em relatório elaborado pela Uncisal, a maneira de tratamento dos dependentes ainda contém barbarismos: um dos garotos, internado para escapar dos efeitos do crack, passou um mês sedado, no Portugal Ramalho, até que a mãe, depois dos apelos do filho, retirou-o do hospital. Estava picado por agulhas, com medicamentos. O filho fugiu de casa, enlouquecido e buscando o crack para diminuir a dependência.
A própria sociedade civil organizada reclama da falta de conhecimento, de técnicos do Governo, quando o assunto é combate às drogas. Fica a impressão que os cargos públicos, diretamente ligados ao paciente trabalho de recuperação da estima de famílias inteiras para que os filhos ou parentes retornem à vida, são ocupados por indicações políticas. A Secretaria da Paz virou a prova dos nove. E a visão de 2010 não admite longo prazo. Vilela é candidato à reeleição e os resultados, em uma secretaria que lida tão diretamente com a sociedade civil, a “elite de opinião” dos votos alagoanos, devem ser mais acelerados.
O discurso eleitoral de 2010, assim, legitima-se nos apoios diretos da sociedade civil às causas agora dos tucanos. E a Secretaria da Paz é uma cartilha de campanha: em sua cabeça, trará Vilela candidato à reeleição, ano que vem, e Carimbão, de novo, na busca por votos na Câmara Federal. A política não descansa. Nem cochila.

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