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Protestos da Taturana mostram silêncio

A cobrança para a mobilização do povo alagoano contra os deputados estaduais acusados de formação de quadriha, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem financeira, fraude eleitoral e uma série de outros delitos se concentra em um cenário precário: isso porque, ao mesmo povo que hoje se pede para ir às ruas contra a corrupção, é a ele mesmo que se nega, há 350 anos, a participação política nesta mesma sociedade.

E como se responsabilizou o povo pela suposta omissão na hora de votar ou escolher seus representantes, mais uma vez é o povo- de novo- o responsável ou não pelo retorno dos taturanas à Casa de Tavares Bastos. Sem uma suposta ação eficaz e urgente da parte do povo, dizem, os deputados mais odiados da história de Alagoas voltarão referendados pela Justiça.

Há de se pensar em uma contradição aparente. Mas, só aparente. No transcurso das denúncias levantadas pela Polícia Federal, houve falhas temíveis das instituições estaduais. No início, poucos arriscavam falar de um inquérito "em segredo de justiça", algo vazado e sabido pela imprensa e pela sociedade desde o mês de janeiro de 2008. Portanto, não era mais segredo para ninguém.

Depois, percebeu-se que o Tribunal de Contas, como órgão auxiliar da Assembleia, nunca investigou os deputados; depois, a "blindagem" da Mesa Diretora da Assembleia em um ambiente favorável à omissão. Investigada, a Assembleia calou-se e justificou sua baixa produtividade nos trabalhos parlamentares como uma espécie de pressão aos que quisessem desafiar o poder Legislativo.

Contra esta maré apenas o Ministério Público Estadual e demais institiuições federais, como a Receita Federal, a própria PF e o Ministério Público Federal.
Mas, neste caldeirão surgiram as medidas "democráticas", "republicanas" dos deputados, ao se negarem investigação, uma CPI; do Governo, rendido diante de seus aliados e com necessidade de sobrevivência na dinâmica política estadual: aceitavam-se conselheiros do Tribunal de Contas nomeados aqui, um cargo prometido ao presidente da Mesa Diretora da Assembleia ali. Negava-se o óbvio: um desvio de R$ 300 milhões.

E isso justifica o poder político dos afastados: ele sempre foram privilegiados não apenas pelo poder arbitrário deles, mas a violência do silêncio das instituições públicas de Alagoas, permitindo a continuação deste convívio incômodo, sem ameaça nenhuma à sua estrutura de poder.

Nada abalou a habilidade do grupo afastado. Claro, só o povo, sem esta camisa de força, pode arrancar estas raízes profundas do coronelato alagoano. Não carregando uma "culpa" pelos que aí estão, mas percebendo-se que todo o guarda-chuva criado para proteger a corrupção não foi articulado por ele, nem perpetuado por ele.

O sistema arcaico existe porque as estruturas públicas desde o início dos tempos de Alagoas ofereceram apoio aos interesses, ideiais e aspirações parlamentares. Com o manto protetor do Governo, para legitimá-los onde sempre estiveram.
O povo esteve alheio aos mecanismos exclusivos de controle da sociedade. Mas, isso antes do escândalo na Assembleia. Algo mudou, desde então.

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