Douglas Apratto e Cármem Lúcia lançam livro

AssessoriaRuínas de engenho

Ruínas de engenho

O historiador Douglas Apratto Tenório e a museóloga Cármen Lúcia Dantas
lançam amanhã, às 19h, o livro "Caminhos do Açúcar, Engenhos e Casas-Grandes de Alagoas", publicado pelas Edições do Senado Federal. Depois de ser lançada no mês de agosto na Biblioteca Luiz Viana Filho, no Congresso
Nacional em Brasília, a obra estréia em Alagoas na noite de autógrafos
programada na Livraria e Café Livro Lido, situada na Rua Sá e Albuquerque,
no Jaraguá.

O livro iconográfico propõe um retorno ao passado, abordando a influência
dos engenhos de açúcar e das casas-grandes na formação da sociedade
alagoana. De um lado, o professor Douglas Apratto faz uma análise política e
econômica do ciclo do açúcar. Do outro, Cármen Lúcia desvenda a história da
vida privada das famílias dos senhores de engenho, tendo como ponto de
partida a arquitetura e o mobiliário das casas-grandes.

De acordo com Douglas Apratto, foi o engenho de açúcar o suporte da expansão colonizadora e o responsável pela constituição dos primeiros núcleos
povoadores que deram origem às cidades alagoanas. "A ocupação do antigo
território caeté, a parte austral da capitania da Nova Lusitânia, foi feita
a partir de três pólos de povoamento. O primeiro em Porto Calvo, o outro em
torno de lagoas maiores, a do Norte e a do Sul, conhecidas pelos indígenas
como Manguaba e Mundaú, que viram florescer os povoados de Santa Maria
Madalena da Lagoa do Sul e Santa Luzia do Norte. Finalmente, o terceiro,
mais ao sul, tendo como centro Penedo. A irradiação desses três núcleos,
fundamentados os dois primeiros em torno dos engenhos, e o terceiro, nos
currais e na pecuária, deflagrou o processo de colonização", afirma,
mencionando que a capital, Maceió, teve formação tardia, no século XVII.

Carmem Lúcia Dantas, por sua vez, não se deteve nos aspectos sociológicos ou antropológicos relacionados às casas-grandes, muito discutidos por outros
autores alagoanos. Ela preferiu fazer um levantamento arquitetônico das
moradias das famílias dos senhores de engenho, com a intenção de contribuir
com a preservação da memória documental da época e o registro fotográfico do que ainda foi possível recolher. De acordo com a autora, nos primeiros
séculos da colonização, a casa do senhor de engenho era denominada "casa de vivenda" ou "casa de moradia", conforme o vocabulário dos colonizadores
portugueses. A expressão "casa-grande" foi criada pelo escritor
pernambucano, Gilberto Freyre, no seu livro "Casa Grande & Senzala" e assim
ficou imortalizada.

"Sendo os senhores de engenhos de origem lusitana, nascidos além-mar, ou
filhos de portugueses, o certo é que o sangue ibérico que corria nas veias,
irrigando lembranças, os fez semear em suas terras usos e costumes que
trouxeram de seu país ou adquiriram com seus familiares europeus. Trazendo
essa bagagem, levantaram suas casas inspirados nos elementos construtivos da Península Ibérica, notadamente do Portugal Agrário. Essa prática assegurou certa fidelidade ao estilo ibérico, mas com algumas adequações à colônia, uma vez que as condições climáticas do trópico, os materiais aqui
encontrados e as necessidades locais e particulares dos proprietários
definiram as suas diferenças", afirma Cármen.

Os autores

Cármen Lúcia Dantas e Douglas Apratto já escreveram outros livros a quatro mãos: "Arte Sacra em Alagoas" e "Casa das Alagoas". O professor e historiador Douglas Apratto Tenório é atualmente vice-diretor
geral do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) e é autor dos
livros "Tragédia do Populismo" e "A metamorfose das Oligarquias", entre
outros. Ele possui graduação em História pela Universidade Federal de
Alagoas (1972), mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1992) e doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1994).

Cármen Lúcia Dantas é alagoana de Penedo. Formou-se em Museologia na
Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez Mestrado em Literatura, na
UFAL. Sua carreira está intimamente associada à história do Museu Théo
Brandão que, após 14 anos de portas fechadas, foi recuperado por ela – que o tornou uma referência nacional.

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