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Luis Vilar

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Rogo pelo nosso tempo!

Rogo para que a fragilidade do tempo em que vivemos não me roube os princípios. Sei que o discurso da desesperança é como um abutre de olhar decrépito a espera do desfalecimento do sentido que distingue o que entra por nossos ouvidos, nossos olhos e sai pela nossa boca. No entanto, ainda que o silêncio seja sempre maior que o grito, que eu possa transparecer em som, poesia e força a minha crença; e assim possa tecer manhãs cheias de possibilidades, em meio aos cotidianos que reproduzem os mais supérfluos e superficiais desejos. Sempre os confundindo com felicidade.

Eis minha oração para que meu coração não se cale, mesmo diante do silêncio desperto pelo medo. Para que quando não ouvires minha voz, é porque estou pensando, e não por estar vendido, ou vendado. Uma vez que meu sentido é de valor raro, porém sem preço. Uma vez que a utopia na qual insisto não é loucura, mas sim urgência. Diante da perversidade que nos banaliza, é a única saída que temos: sonhar com vôos altos, para quem sabe tangenciar o futuro que não veio!

Que a saudade em carne viva, seja sempre pelo amor vivido e nunca pelo que se perdeu no tempo. Que o amanhã que nasce traga aos meus olhos sempre o sabor do novo e afaste de mim o ouro de tolo dos covardes. Sei que é reluzente. No entanto, sou daqueles que – no escuro e em solidão – é ouvinte da própria consciência. Sim, a tentação do mais simples e do mais fácil também me persegue, mas que minha carne – ainda que sobre tortura – possa compreender sempre o valor da minha alma, que alimenta o meu peito.

Assim, no fim do caminho, deixarei a quem amo uma história de quem acreditou que o mundo não acaba em mim, nem em si mesmo. Que eu reconheça a lição do combate, sobretudo no peso da derrota. Que eu saiba explicar a quem amo que tudo isto é por amor, ainda que não tenha o dom da palavra. Da mesma forma que rogo respeito, aos que por ventura, não me entendam. Saibam que a minha escolha é inundada apenas de sentimento. Ao escolher a honestidade, a sinceridade, e sonho de ter dias melhores, o fiz e faço por acreditar que minha filha merece um mundo diferente do qual vivemos.

E é de minha responsabilidade trazer minhas palavras para o campo real, para cada gesto, cada segundo e cada contratempo. Serão inúmeras as seduções e as tempestades, cabe a mim – capitão deste velho barco – não perder o norte de minha bússola. Desta forma, não me deixar abater pelos carrascos, nem me envenenar pelos elogios em alguns momentos. Que o caminho rumo ao amor seja o meu endereço. Que eu chegue antes do esperado, ou atrasado, só pelo prazer de ainda ter surpresas. Para que sintas, assim como eu, que a vida é feita de coincidências combinadas, para as quais não há como atribuir preço.

Aos meus amigos: reconheçam que a solidão que carrego por dentro é mais um ato de defesa do que de arrogância. Defesa para os dias em que – por tanta ganância e tanta banalidade – o dia-a-dia se torna inabitável. É nestes dias que preciso de força, e por isto, defendo-me nos meus ideais perdidos que morrem de medo do medo. Quando me perguntarem quem sou, que eu possa sempre responder que ainda estou sendo. Faz parte de mim a transformação entre os humanos estanques.

Sou variação sobre o mesmo tema. Vivo do simples. Minha casa, quando chego do trabalho, é mais que uma casa. É um porto, onde descanso para um novo parto. É um abrigo, um abraço. É o som do amor no sorriso de Beatriz. É o som da esperança nas palavras da mulher que amo, que me espera na mesma sintonia, enquanto o mundo real segue acontecendo, por vezes de forma sórdida, entre corrupções, sem pena de ninguém e apagando a chama.

O meu vício de escrever é muito mais a busca de uma resposta; que a tentativa de explicar algo a alguém que sequer conheço. Os fantasmas que exorcizo enquanto escrevo me dizem que é preciso simplicidade e humildade para nos entendermos. Que é mais fácil entender a humanidade do que um único homem com seus mistérios e segredos. E assim, rasgo tratados sociológicos, teorias, cálculos e amuletos. Por minutos, deixo-me solto na canção do silêncio.

Por fim, escuto de mim mesmo que preciso pedir perdão sempre, sempre e sempre, porque muitas vezes em meus atos, ignoro que uma outra verdade pode ter igual valor e acaba vítima de meu desprezo. É quando descubro que dentro de mim há um terreno inexplorado ao lado de um outro que finjo que conheço.

E só assim, quando tudo parece perdido. Quando não há mais no que acreditar, posso escolher acreditar em meu sonho e em mim mesmo, pois sou sincero diante do que quero e desejo. Pois o que se escolhe para si, obrigatoriamente, também se escolhe para o mundo!

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