‘Não é desarmando o povo que você vai evitar’, diz Bolsonaro após ataques nos EUA

Presidente brasileiro comentou ataques a tiros em El Paso e Dayton que deixaram 29 mortos. Segundo ele, casos semelhantes já ocorreram no Brasil, um país 'extremamente desarmado'.

Ueslei Marcelino / Reuters

Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (4) que não se evita ataques a tiros como os dois ocorridos neste final de semana nos Estados Unidos “desarmando o povo”.

Na tarde de sábado (3), um atirador fez 20 vítimas em El Paso, no Texas, e foi preso pela polícia. Um segundo ataque, já na madrugada deste domingo, elevou para 29 o número de mortos em assassinatos em massa. O criminoso, morto pela polícia, matou 9 pessoas na cidade de Dayton, Ohio.

Os ataques deixaram, ainda, 52 feridos, parte deles em estado grave.

Questionado sobre os massacres, Bolsonaro disse lamentar os episódios, e negou que o desarmamento evite atentados como os dois ocorridos nos EUA.

“Lamento, já aconteceu no Brasil também. Lamento. Agora, não é desarmando o povo que você vai evitar isso aí. O Brasil é, no papel, extremamente desarmado e já aconteceu coisa semelhante aqui no Brasil”, afirmou o presidente na porta do Palácio da Alvorada, em Brasília

As motivações dos dois atiradores ainda são investigadas. No primeiro caso, em El Paso, o assassino é um homem de 21 anos e teria postado um manifesto racista horas antes do ataque. Não há detalhes sobre o atirador de Dayton, que teria agido sozinho.

Na manhã deste domingo, o presidente Donald Trump lamentou as mortes e elogiou a atuação da polícia nos dois casos. “Deus abençoe o povo de El Paso, Texas. Deus abençoe o povo de Dayton, Ohio”, escreveu em uma rede social.

Tiroteios nos EUA: 29 pessoas foram mortas em 12 horas — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/G1

Tiroteios nos EUA: 29 pessoas foram mortas em 12 horas — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/G1

Embaixada nos EUA

Durante a entrevista, Bolsonaro também voltou a falar sobre a iminente indicação do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

No fim do mês passado, o Brasil submeteu aos Estados Unidos a sugestão do nome de Eduardo Bolsonaro para ocupar a embaixada em Washington, e aguarda a resposta norte americana sobre o “agrément”, a consulta que se faz ao país onde o embaixador será nomeado.

Bolsonaro afirmou que Eduardo foi elogiado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, mesmo tendo sido “massacrado” pela imprensa brasileira.

“Eu tenho um filho que está para ir para os Estados Unidos e foi elogiado pelo [Donald] Trump. Vocês massacraram o meu filho. A imprensa massacrou. […] A relação do Eduardo, caso aprovado pelo Senado, vai ser, no meu entender, muito boa com o Trump, o embaixador é um cartão de visitas”, disse o presidente.

Questionado sobre a articulação do governo junto aos senadores, responsáveis por aprovar a indicação de embaixadores, Bolsonaro disse que conversa com alguns parlamentares. Ele ainda classificou de “hipocrisia” as críticas direcionadas à indicação do filho para a embaixada.

“O Senado pode barrar o meu filho sim. Agora imagina se no dia seguinte eu demita o Ernesto Araújo e coloque o meu filho no Ministério das Relações Exteriores. Ele não vai ser o embaixador, ele vai comandar, entre embaixadores e agregados, 200 mundo afora. E daí? Alguém vai tirar o meu filho de lá? Hipocrisia. Hipocrisia de vocês”, afirmou.

Parentes em gabinetes

O presidente comentou ainda a reportagem do jornal “O Globo” que mostra que, desde 1991, quando assumiu como deputado pela primeira vez, Bolsonaro e seus filhos – o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, todos do PSL – empregaram 102 pessoas com laços familiares entre si.

Segundo a reportagem, 35% do total dos funcionários indicados no período pelos quatro tinham algum parentesco ou relação familiar entre si.

Questionado sobre o assunto, Bolsonaro chamou a reportagem de “mentira deslavada”, mas admitiu ter empregado parentes em seu gabinete, quando era deputado e disse que considera “natural” indicar pessoas que estão do “lado” dele para cargos de confiança.

“Já botei parentes no meu gabinete, já botei no passado sim. Antes da decisão de que nepotismo seria crime. Qual o problema?”, questionou o presidente.

Que mania que tudo quanto é parente de político não presta. […] Eu parto do princípio que, se eu indicar um filho meu, como já indiquei, no passado ele trabalhou na liderança do partido, não é nepotismo, pô, ele tinha competência para isso. Confiança. […] É natural quando alguém vai embora do meu gabinete, alguém morre até, já aconteceu, no velório tem dez pedindo emprego, tudo parente que está do meu lado. E é natural botar quem está do seu lado”, complementou Bolsonaro.

Bolsonaro também falou sobre a exoneração de Ricardo Magnus Osório Galvão da direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão que Galvão comandava foi acusado pelo presidente de mentir sobre os dados do desmatamento e agir a “serviço de alguma ONG”. Galvão rebateu as acusações e criticou falas e comportamento de Bolsonaro.

“Eu não peço. Certas coisas eu mando. Deixar bem claro para a imprensa, certas coisas eu não peço, eu mando, por isso que sou presidente. Após as declarações dele a meu respeito, não tinha mais clima para continuar. Não tinha clima, mesmo que ele viesse a provar que os dados dele estavam até mesmo certos, tá certo. Não tinha mais clima”, afirmou o presidente.

Fonte: G1

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