Um dos irmãos do bebê Mário Neto Ferreira Lourenço, morto por bala perdida na tarde desta segunda-feira (25) em um barbeiro em Mesquita, Baixada Fluminense, também foi ferido por um disparo e viu quando o caçula foi atingido.
“O Theo fala o tempo todinho que mataram o irmão dele. Ele não está comendo nem dormindo”, disse Ivanildo Pinheiro, tio das crianças. Theo tem 3 anos. Mário tinha 1 ano e meio.
Lucas Lourenço, pai das crianças, contou que elas tinham ido cortar o cabelo com a ex-mulher. Theo acabou atingido de raspão no tornozelo e estava com o pai no IML.
Mário foi um dos três mortos em um tiroteio no bairro Jacutinga. Também morreram Ruan Batista de Souza, 24 anos, e Renan Felipe Batista Nunes, 17 anos.
A polícia acredita que a milícia está envolvida no crime. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) instaurou um inquérito.
De acordo com os policiais, Ruan caminhava pela Rua Maurícia Borges quando um homem encapuzado desembarcou de um veículo vermelho e começou a atirar. Ruan correu para a barbearia, ainda sob disparos. Os tiros atingiram o jovem e as duas crianças.
Pouco antes, o mesmo carro tinha estacionado próximo a uma residência na Rua Antônio Borges, onde um homem, possivelmente o mesmo criminoso, também desembarcou do veículo e executou Renan.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) apura o caso e pede que a população ajude com qualquer informação que possa auxiliar a identificar os autores dos disparos por meio de mensagens para o número (21) 98596-7442 (Whatsapp). A polícia afirma que garante o anonimato.
Pai presta homenagem
O pai do menino Mário fez um post nas redes sociais lamentando a morte da criança.
“Hoje foi meu filho, perdeu a vida cortando cabelo no salão vítima da violência do estado do Rio de Janeiro. Até quando vamos perder entes queridos? Um ano e seis meses, meu príncipe. Senhor, misericórdia. Muita dor na minha alma”, afirmou Lucas Lourenço.
Outros casos
Mário é a quarta criança morta na Região Metropolitana do Rio de Janeiro este ano por balas perdidas.
A menina Alice Pamplona, de 5 anos, morreu nos primeiros minutos do ano quando estava assistindo à queima de fogos do réveillon no colo da mãe na comunidade do Turano, no Rio Comprido.
No momento não acontecia nenhuma operação policial.
Em fevereiro, Ana Clara Machado, também de 5 anos, estava brincando na porta de casa na comunidade Monan Pequeno, em Pendotiba, em Niterói, na Região Metropolitana, quando foi baleada.
A família chegou a acusar policiais militares que estavam patrulhando a região. A PM negou.
Em abril, Kaio Guilherme da Silva Baraúna, de 8 anos, foi atingido por um tiro na cabeça na Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Ele estava brincando em uma festa quando foi atingido.
Kaio passou oito dias internado, mas acabou não resistindo aos ferimentos.