Alagoas recebe animação teatral gratuita sobre mulheres que vivenciaram o êxodo rural e a escravidão

'Plural' é uma peça da Cia Teatro Nu Escuro, de Goiás, e integra a programação de aniversário de 50 anos do Teatro de Arena Sérgio Cardoso na terça-feira (12); oficina de criação de bonecos manipuláveis também será realizada na quarta (13)

 

Do meio de um palco banhado de cores quentes, música ao vivo, arte popular, bonecos vivos que contam histórias, há várias memórias de uma menina do campo que insiste em tentar entender a poesia pulsante de sua vida. Ela se chama Maria, tem sete anos, gosta de conversar alegorias e brincar com o passado. Maria é protagonista do espetáculo “Plural”, que faz parte do projeto em circulação Dentro e Fuera, da Companhia de Teatro Nu Escuro. As histórias da pequena Maria vêm de Goiânia, Goiás, e vão desembarcar em Maceió na terça-feira (12), às 15h e às 19h30, no Teatro de Arena Sérgio Cardoso. Uma oficina de confecção de bonecas Abayomi também será ministrada pelo grupo na quarta (13), das 13h às 18h, na Escola Técnica de Artes (ETA), localizada em frente à Praça Sinimbu, Centro.

Serão duas sessões de êxtase e que prometem arrancar lágrimas e boas risadas de quem gosta de teatro de animação com drama. A peça integra a programação do aniversário de 50 anos do Teatro de Arena. A entrada é gratuita para todos os públicos com a classificação indicativa livre. Os ingressos podem ser adquiridos com antecedência na entrada do local da apresentação, que fica ao lado do Teatro Deodoro.

A história é contada em um espaço atemporal e lúdico, com um cenário que mescla o rural ao urbano, o poético ao dramático, o trágico ao cômico. Maria narra acontecimentos vividos e sentidos no êxodo rural, com seus encantos, medos, violências, coragens, lamentos e alegrias. A peça também recebe projeção mapeada para criar texturas e efeitos que dialogam com as cenas. Os atores e atrizes cantam, dançam e tocam cantigas próprias do teatro de animação, como em um calidoscópio infantil.

“Nós contamos histórias de mulheres que saíram do campo e foram para a cidade, e nesse percurso acaba acontecendo uma escravidão velada, uma opressão que existe em cima dessas mulheres. E isso é muito forte no Brasil como um todo. Fomos buscar isso nas mães do grupo, porque a maioria delas vieram do campo. Nos apropriamos dessas histórias para construir a trama”, relatou Hélio Fróes, diretor e dramaturgo.

O espetáculo tem a direção de Izabela Nascente e contou com uma pluralidade de vozes para a construção da narrativa, a exemplo de Fróes e Abilio Carrascal, que ficaram responsáveis pela dramaturgia da peça junto com a diretora. A manipulação dos bonecos e a atuação ficam por conta dos artistas Abílio, Adriana Brito e Eliana Santos.

“A ideia do espetáculo surgiu em show-vídeo que fizemos para um recolhimento de histórias para falar sobre identidade. Daí surgiu a vontade de montar um novo espetáculo e sentimos a vontade de falar sobre mulheres. Resgatamos essas histórias e colocamos todos os elementos que trabalhamos há anos, no caso a música, a cena, o ator e o boneco tudo no mesmo balaio”, explicou Izabela.

O projeto Dentro e Fuera foi idealizado pela companhia goiana e contemplado no edital do Fundo de Arte e Cultura do Etado de Goiás, de 2017. O objetivo é apresentar espetáculos do repertório do grupo e ministrar oficinas em cinco estados brasileiros e em duas cidades da Argentina. Por causa dos dois anos de pandemia, a companhia parou suas atividades presenciais e continuou fazendo suas ações de forma on-line. Para o grupo, voltar aos palcos, ruas, praças e festivais, é como realizar uma reestreia de seu trabalho artístico.

Oficina de construção de bonecas Abayomi

Além da apresentação da peça, a Cia de Teatro Nu Escuro também vai realizar uma oficina de construção de bonecas baseadas na estética Abayomi, que são semelhantes as que são utilizadas no espetáculo Plural. O evento será na quarta-feira (13), das 13h às 18h, na sala 18 da Escola Técnica de Artes (ETA), localizada na praça Sinimbú, 216, Centro. Os participantes da oficina vão poder construir seu próprio boneco manipulável e levar para casa. O formulário para as inscrições será divulgado em breve.

A oficina é gratuita e tem como intuito juntar a técnica de amarração das Abayomis em estrutura de bonecos de manipulação direta para balcão.

Segundo o grupo, as Abayomis foram criadas pela artesã Lena Martins. Elas são feitas a partir de tecido e nó, utilizando materiais como arame, linhas e retalhos. A oficina será realizada pela diretora Izabela Nascente, que é mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Goiás (UFG), atriz, diretora de arte e bonequeira.

Os interessados em participar da ação terão que levar uma tesoura, um alicate, linhas e agulhas para costura de mão, retalho para fazer roupa, linha para cabelo (sisal, canecalon, algodão, etc), cano PVC fino (cerca de 20 cm de tamanho), além de muita alegria e diversão.

O grupo

A Cia de Teatro Nu Escuro é um grupo de Goiânias, Goiás, que desde 1996 experimenta e vivencia as diversas formas do fenômeno teatral, mantendo um repertório com peças apresentaas em palcos, ruas e espaços alternativos como museus e galpões. O grupo busca realizar o teatro marcado pela forma horizontal através do teatro de grupo onde o público é o grande motivador de toda encenação.

“A Nu Escuro busca a cada dia, a cada apresentação e a cada troca de experiência com a plateia, aprofundar o debate a respeito do homem e de suas significações no mundo contemporâneo”, disse o diretor e dramaturgo da Cia, Hélio Fróes.

Fazem parte do currículo da companhia os espetáculos “O Cabra que matou as cabras” (2004), “Gato Negro” (2013), “Pitoresca” (2015), “Dramas ao Cubo” (2019). Para acompanhar o trabalho da companhia, o site nuescuro.com.br e o Instagram @ciadeteatronuescuro estão disponíveis.

SERVIÇO

Apresentação do espetáculo Plural, da Companhia de Teatro Nu Escuro
Data: 12 de julho
Horário: 15h e 19h30
Local: Teatro de Arena Sérgio Cardoso, ao lado do Teatro Deodoro, Centro
ENTRADA GRATUITA

Oficina de construção de bonecas Abayomi
Data: 13 de julho
Horário: 13h às 18h
Local: Sala 18 da Escola Técnica de Artes (ETA), em frente à Praça Sinimbu, Centro
ENTRADA GRATUITA

Fonte: Assessoria

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