Reputação e escândalos não andam juntos!

Credibilidade! É isso o que o futebol brasileiro perde com a confirmação do envolvimento de jogadores na armação de resultados de apostas. Este tipo de ocorrência era esperado, pois já aconteceu em outros países e com atletas de renome. O jogador italiano Paulo Rossi, já falecido, tido como o carrasco da seleção Brasileira na Copa de 1982, é o mais conhecido deles. Ficou suspenso por dois anos por participar dos esquemas de apostas.

O Ministério Público de Goiás está investigando o caso. Agora entrou também o Ministério da Justiça, que se fará representar pela Polícia Federal. O esquema está recebendo das autoridades a atenção que merece. Até agora, no entanto, não se nota uma presença enfática da CBF – Confederação Brasileira de Futebol – que, em tese, deveria ser a mais preocupada com o problema, que é grave, e a maior interessada na sua solução. Até agora nada disse e se disse, o fez no tom suave, muito baixo, incapaz de alcançar todos os ouvidos.

É difícil afirmar se a CBF tem consciência de que este caso mostra, com claridade solar, que o futebol brasileiro está em crise e que algo urgente precisa ser feito na esfera esportiva, tal qual já ocorre na da Justiça, para impedir, de uma vez por todas, a sequência destes acontecimentos e a percepção negativa que geram para o esporte. Os clubes também precisam ficar atentos e punir com o rigor devido os seus atletas comprovadamente envolvidos nestes esquemas. Não há que se ter complacência!

Tanto pela CBF como pelos clubes, esta questão, pela gravidade que se impõe e por tudo que abarca, precisa ser enxergada além das investigações e possíveis punições da Justiça. Há que se pensar da mesma forma, ou seja, com a igual seriedade, na participação dos patrocinadores do futebol. Muitos clubes não podem abrir não do dinheiro que vem do patrocínio e do marketing que ele envolve. Qual empresa vai querer manter a sua marca ligada a qualquer clube com jogadores envolvidos neste tipo de esquema? Nenhuma! Reputação tem valor inegociável.

Os clubes precisam e muito do dinheiro destes patrocínios, por isso, precisam agir com rapidez e responsabilidade. A impressão que se tem até o momento é que a única preocupação dos clubes se refere à CBF, sobre como vai atuar nos os casos comprovados: punir apenas os jogadores envolvidos ou se os clubes perderão os pontos conquistados nas partidas em que estes atletas atuaram. Eles precisam também pensar nos reflexos deste crime – é assim que deve ser taxado – na relação com os seus patrocinadores.

Se comprovado o envolvimento dos atletas, os clubes devem rescindir os seus contratos e a CBF puni-los com rigor. Somente assim conseguirá coibir este tipo de crime e impedir que contamine o futebol em toda a sua extensão. Por ora, estão buscando somente manipular situações que ocorrem naturalmente nos jogos, como número de cartões, penalidades etc. Problema maior será quando começarem a manipular os resultados das partidas.

O Ministério Público de Goiás somente agora está divulgando o resultado de suas investigações, é como se estivesse apenas “levantado o tapete”. Ainda não “olhou para debaixo do sofá”, o que poderá acontecer com a entrada do Ministério da Justiça e da Polícia Federal no caso, ou seja, irem muito mais fundo. O que mais ainda poderá ser descoberto?

Urge que a CBF se envolva e mostre ao mercado que vai agir com rigor para impedir que esta ação criminosa prossiga maculando a imagem do esporte mais popular do País. O mesmo deve ser feito pelos clubes, deixar claro que os “seus mantos sagrados” não serão manchados pela irresponsabilidade de qualquer jogador. CBF e clubes precisam entender que reputação e escândalos não andam juntos.

*João Fortunato é jornalista, mestre em Comunicação e Cultura Midiática e coordenador da Brand Security Consulting.

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