Após comentário LGBTfóbico, procuradora de Justiça diz que diálogo estava fora de contexto e pede desculpas

Após a grande repercussão do diálogo vazado durante uma reunião do Colégio de Procuradores de Justiça em que é acusada de comentários LGBTfóbicos, a procuradora Denise Guimarães de Oliveira se manifestou  nesta terça-feira, 19, sobre o caso por meio de nota de esclarecimentos e ressaltou que o trecho divulgado estava fora de contexto.

O caso tomou notoriedade no último fim de semana quando o Grupo Gay de Maceió, por meio do seu presidente Messias Mendonça, publicou um vídeo no Instagram repudiando a fala da procuradora de Justiça.

A conversa vazada aconteceu após a reunião de Colégio de Procuradores de Justiça registrada na última quinta-feira, 14. Sem perceber que o microfone estava aberto ao final da sessão, a procuradora Denise Guimarães, em conversa com o colega, procurador Marcos Barros Méro, comentou a ida de representantes do movimento LGBTQIA+ ao Ministério Público. Na oportunidade, o grupo se reuniu com o ex e o atual procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque e Lean Araújo, respectivamente, com a intenção de discutir combate à discriminação da comunidade LGBTQIA+.

No diálogo, a procuradora diz: “Márcio deu até um carro”, fazendo referência a um veículo cedido pelo Órgão Ministerial ao Grupo Gay de Maceió, em regime de comodato, que é usado pela ONG para atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade.

A conversa segue com trechos inaudíveis. Em certo momento, ela diz: “Deus disse: ‘Crescei e multiplicai. Quem disser que esse tais LGBT multiplicam, eu calo”.

Hoje, a Procuradora emitiu nota e alegou que embora estivesse descontextualizado, o diálogo ocasionou inferência de manifestação homofóbica que deve ser reparado e repudiado.

“Assim, destaco com veemência, apesar de não ser esta a natureza do diálogo descontextualizado, externo as minhas sinceras escusas, a quem porventura, tenha se sentido ofendido. A referência bíblica transcrita, reafirmo, não contextualizada, representa a minha crença, mas não implica qualquer desrespeito a liberdade de crença ou não dos seres humanos. Assim, reafirmo o meu compromisso, como mulher, mãe, irmã, avó, e, na condição de integrante do MPAL, de continuar promovendo a defesa dos direitos humanos, com denodo e dedicação, conduta observável nos 40 (quarenta) anos de atividade ministerial”, ressalta a procuradora na nota.

Confira nota na íntegra:

Na Sessão do Colégio de Procuradores de Justiça, do Ministério Público de Alagoas, realizada no dia 14 do corrente mês e ano, em diálogo reservado, com outro colega de colegiado, operou-se o vazamento de parte da interlocução. A ausência de contextualização proporcionou inferência de manifestação homofóbica, a qual merece ser efetivamente reparada e repudiada, isto porque no exercício das atribuições do Ministério Público, inclusive, na condição de mulher, mãe, irmã, e, avó, jamais ofenderia, deliberadamente, qualquer ser humano, em especial os semelhantes integrantes de comunidade LGBTQI +, ou demais outros grupos minoritários em situação de vulnerabilidade.
Assim, destaco com veemência, apesar de não ser esta a natureza do diálogo descontextualizado, externo as minhas sinceras escusas, a quem porventura, tenha se sentido ofendido.
A referência bíblica transcrita, reafirmo, não contextualizada, representa a minha crença, mas não implica qualquer desrespeito a liberdade de crença ou não dos seres humanos. Assim, reafirmo o meu compromisso, como mulher, mãe, irmã, avó, e, na condição de integrante do MPAL, de continuar promovendo a defesa dos direitos humanos, com denodo e dedicação, conduta observável nos 40 (quarenta) anos de atividade ministerial.
Maceió/Al, 19 de março de 2024.
Denise Guimarães de Oliveira

 

 

 

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