NSA espiona milhões de mensagens de texto ‘SMS’ por dia

Segundo o jornal "The Guardian", maioria dos números monitorados era de fora dos EUA. Obama anunciará nesta sexta(17) medidas para limitar a espionagem.

AP Photo/Patrick SemanskyJornal inglês diz que a NSA espiona milhões de mensagens de texto "SMS" todos os dias

Jornal inglês diz que a NSA espiona milhões de mensagens de texto "SMS" todos os dias

Depois de meses elaborando um relatório com novas diretrizes para limitar as atividades de inteligência da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) dos Estados Unidos, que será anunciado ainda nesta sexta-feira (17) pelo presidente Barack Obama, o comitê responsável foi surpreendido com uma nova denúncia.

Reportagem divulgada nesta sexta-feira (17) pelo jornal inglês The Guardian afirma que, todos os dias, a NSA tem acesso ao conteúdo de milhões de mensagens de texto enviadas por celular em todo o mundo. Segundo a publicação, a espionagem permitia à agência de inteligência obter outros dados dos usuários, como sua localização, redes de contato, compromissos agendados, transações financeiras, entre outras informações.

Segundo o jornal, só em abril de 2011, a NSA coletou em média 194 milhões de mensagens de texto por dia. Nem mesmo mensagens enviadas por operadoras, como alertas de ligações perdidas, por exemplo, ficavam de fora do monitoramento. A maioria dos números espionados era de fora dos Estados Unidos. A reportagem chama a atenção para o fato de que grande parte dos espionados não é suspeita de envolvimento com atividades ilegais.

Em resposta às informações divulgadas pelo jornal, a NSA afirmou em comunicado que a coleta de dados não é arbitrária e que números americanos não são alvo de espionagem, apenas "os alvos estrangeiros válidos.

Na última quarta-feira (15), o jornal New York Times afirmou que a agência americana implantou programas de espionagem em cerca de 100 mil computadores em todo o mundo, mesmo sem conexão com a internet, graças a uma tecnologia avançada de radiofrequência. Os alvos mais vigiados por meio deste sistema foram os exércitos da China e da Rússia, a Polícia e os cartéis do tráfico de drogas do México, instituições de comércio da União Europeia e países aliados na luta contra o terrorismo, como Arábia Saudita, Índia e Paquistão.

As denúncias publicadas nesta semana pela imprensa internacional fazem parte de uma série de revelações divulgadas pela imprensa internacional a partir de informações fornecidas pelo ex-técnico da NSA, Edward Snowden. As revelações de espionagem em massa, vazadas por Snowden, provocaram um escândalo diplomático de proporções globais, ao mostrar que os serviços de inteligência americanos vigiavam milhões de comunicações, tanto da população, de empresas e de governos e embaixadas.

No final de julho, ÉPOCA revelou com exclusividade arquivos que mostram que a NSA espionou oito membros do Conselho de Segurança da ONU, no caso das sanções contra o Irã, em 2010. Em seguida, ÉPOCA teve acesso a uma carta ultrassecreta em que o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon Jr., agradece o diretor da NSA, general Keith Alexander, pelas “excepcionais” informações obtidas numa ação de vigilância de outros países do continente, antes e depois da 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, em abril de 2009. Shannon celebra, no documento, como o trabalho da NSA permitiu que os EUA tivessem conhecimento do que fariam na reunião os representantes de outros países.

Essas e outras revelações levaram líderes de países como o Brasil, Alemanha, Reino Unido e França a cobrarem publicamente um posicionamento de Obama. Em setembro do ano passado, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff chegou a cancelar uma viagem de Estado que faria a Washington, recusando o convite feito por
Obama.

Novas diretrizes para a NSA
A crise diplomática e a má impressão na comunidade internacional causadas pelas denúncias de Snowden levaram o presidente americano a convocar um comitê de especialistas para analisar as atividades da NSA e propor uma reforma de seus sistemas de vigilância. Fontes do governo dizem que Obama pretende sugerir a limitação de acesso aos dados telefônicos, mais garantias de privacidade a estrangeiros e a criação de uma defensoria pública em um tribunal de inteligência secreta para tratar de questões envolvendo privacidade. Mas as mudanças devem parar por aí, não interferindo de forma significante na dinâmica e alcance das atividades da NSA.

O anúncio do pacote de medidas para limitar a atuação da agência, que devem ser analisadas posteriormente pelo Congresso americano, será feito ainda nesta sexta-feira (17).

Fonte: ÉPOCA

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