Amigo da CBF, único torneio independente do Brasil quer duplicar número de times nordestinos na Série A

Gazeta PressBahia é um dos representantes do Nordestão

Bahia é um dos representantes do Nordestão

Em tempos em que jogadores de futebol questionam o papel da CBF como organizadora do Campeonato Brasileiro, um torneio do país já caminha com as próprias pernas. E com apoio da mesma CBF.
É a Copa do Nordeste, competição resgatada nesta década pela Liga do Nordeste depois de uma entressafra de nove anos e que se tornou a menina dos olhos dos clubes da região.

Distantes do poderio econômico dos concorrentes do Sul, os times locais viram na copa uma oportunidade de diminuir esse abismo com prêmios polpudos, estádios cheios e uma passagem para a internacionalização. A partir de 2014, o campeão da ‘Lampions League’, apelido carinhosamente dado pelos torcedores, garante vaga na Sul-Americana.

O presidente da liga que organiza a Copa do Nordeste, Alexi Portela, ingressou no ramo há sete anos, segundo por ele, por amor. "Quando o Vitória caiu para a Série C, resolvi entrar no futebol para tirar o clube do fundo do poço", diz o empresário do ramo da telecomunicação, ex-mandatário do Rubro-Negro baiano e hoje presidente do conselho e homem forte no Barradão.
"Cheguei no Vitória por maluquice, paixão e entrei na Liga por acreditar que poderia fazer alguma coisa. Pago tudo do meu bolso, até almoço. Nunca ganhei nada com o futebol. Até abandonei um pouco meu negócio", afirma.
Portela foi alçado à presidência da Liga Nordeste com a incumbência de reorganizar o campeonato homônimo, disputado pela primeira vez entre 1997 e 2004.

A primeira edição da ‘nova era’, vencida pelo Vitória, em 2010, foi um fracasso. "Não adiantava continuar do jeito que estava, com times mistos, equipe que não davam importância pro campeonato, mesmo com a audiência que teve. Comecei a conversar com presidentes de federações, com Ricardo Teixeira – ex-presidente da CBF – e Virgílio Elísio – diretor de competições da CBF e um dos criadores da Liga do Nordeste – e fizemos um compromisso. Se não fossem as federações e a CBF nada disso aconteceria. José Maria Marin – atual presidente da CBF – também foi muito importante."

Com um espaço no calendário reservado pela CBF, a copa ganhou força. A média de público da edição de 2013 foi de mais de 8 mil torcedores por partida contra cerca de seis mil, por exemplo, do mesmo ano do Paulistão, estadual mais forte do Brasil. No último domingo, quase 20 mil espectadores assistiram à vitória do América-RN sobre o Confiança na inauguração da Arena das Dunas, estádio da Copa do Mundo de 2014, em Natal – fãs do rival ABC também estiveram presentes para ver duelo do Potiguar, contra o Alecrim.

Além da renda dos jogos, em 2014, cada um dos 16 clubes participantes receberá R$ 118 mil por partida disputada em casa, mais custos com hospedagem e transporte. Em prêmio por partida, é mais do que paga a Série B do Campeonato Brasileiro. Os bônus crescem conforme avança a competição, e o campeão leva R$ 2 milhões somente pelo título.

O recente crescimento econômico do Nordeste e a rivalidade entre os estados são citados por Portela como os combustíveis da popularidade do torneio. O interesse do público atraiu R$ 12 milhões em patrocínios neste ano e garante o presidente da liga, esse valor tem potencial para subir muito mais. "Podemos triplicar as premiações". O sucesso se estende para as categorias de base e em maio deste ano, no Pernambuco, será organizada a primeira edição sub-20.

A verba extra faz o dirigente sonhar alto. "Você vai ter mais clubes nordestinos participando da Série A do Campeonato Brasileiro nos próximos anos. Estimamos que serão pelo menos seis times em três ou quatro temporadas – em 2014, apenas Bahia, Vitória e Sport representam a região no Brasileirão."
O comercial é na realidade a única parte da copa gerida pela liga. Calendário e arbitragem continuam na mão da CBF. A Liga do Nordeste, diz Portela, no momento não passa de uma entidade simbólica gerida por ele, Eduardo Rocha, vice-presidente do América-RN e Milton Dantas, ex-presidente do Confiança. "Estamos reestruturando a parte burocrática, hoje não temos funcionário, não temos nada."
A liga nordestina não é, portanto, o que os idealizadores do novo futebol brasileiro sonham para o esporte do país. De fato, os comandantes da liga e o Bom Senso F.C, movimento criado no ano passado para propor mais organização no mundo da bola, têm pouco em comum.
"Acho o Bom Senso interessante, mas não da maneira que estão fazendo, com protesto. Não pode ser mão única. E jogador que sai todo dia pra balada, se contunde e fica dois, três meses recebendo, é justo?", questiona Portela.
O calendário do futebol brasileiro, alega ele, não é tão puxado quanto se alardeia. O presidente, aliás, é a favor da manutenção dos estaduais, independente da afirmação do torneio regional – "nunca vão acabar, tem que ter a rivalidade de um Bahia e Vitória etc."

A própria Copa do Nordeste pode crescer em 2015. Campeões e vice dos campeonatos do Piauí e do Maranhão devem aumentar o número de participantes de 16 para 20 clubes. Até mesmo o Flamengo – ele mesmo, o do Rio de Janeiro – foi cogitado como possível integrante. "A história do Flamengo é complicada, mas mostra como o torneio está prestigiado", encerra Portela.

Fonte: ESPN

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