Novo Fox 2015 só vale a pena acima de R$ 40 mil

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Novo Fox 2015

Para ter o Fox perfeito, o cliente da Volkswagen precisaria fazer como naqueles fast-food de massas: poder escolher o tipo de macarrão e os ingredientes do molho. Mas isso não é possível em nenhuma montadora ainda.

Na linha 2015, renovada no visual e com uma série de novidades tecnológicas, esse dilema persiste, apesar de a Volks ter simplificado os pacotes e versões. Não foi o bastante, infelizmente. O Fox, mesmo com quatro versões, só vale a pena mesmo pagando ao menos R$ 40 mil por ele. E ainda assim você ficará sem itens legais.

Para começar, o melhor motor é o 1.0 de 3 cilindros, econômico e mesmo assim vigoroso. Mas ele é exclusivo do Fox Bluemotion, a versão ecológica do modelo. Quem optar pelo Fox Trendline ou Comfortline vai levar o velho EA-111 de 4 cilindros e 76 cv. Com ele, o hatch “dorme” na estrada pela falta de torque, mesmo levando apenas o motorista.

Se quiser outro motor moderno e de baixo consumo, o 1.6 16V de 120 cv, o cliente da VW terá de saltar para o Highline, que custa R$ 48,5 mil com câmbio manual de 6 marchas, outra novidade exclusiva dele.

E se você for daqueles que preza um clima refrescante dentro do carro prepare o bolso: ar-condicionado, só na mesma versão Highline 1.6. Nem a Comfortline honra seu nome, ou seja, para ter esse ‘conforto’ é preciso desembolsar R$ 3.040 extras.

Mini-Golf de corpo e alma

Mas, afinal, por que a Volkswagen resolveu dar esse upgrade no velho e conhecido Fox? Pressa em ter um modelo capaz de frear o apetite de modelos mais novos como o Onix e o HB20. Maior e mais bem acabado que seu irmão Gol, o Fox ficou mais distante ainda da sua personalidade de 2003, quando chegou ao mercado. Naquela época, ele era um hatch que flertava com ideiais de uma minivan. Tinha painel rebaixado para levar bugigangas, banco corrediço, posição elevada de dirigir e visual simpático para atrair um público que dava de ombros para o Gol, as mulheres.

Na reforma de 2009, ele deixou esse perfil um pouco de lado para ganhar mais conteúdo, melhor acabamento e um visual capaz de agradar gregos e troianos. A mexida deu certo e o hatch teve um segundo ciclo de vida melhor que o primeiro.

Agora, a Volks foi além e talvez tenha passado do limite. A montadora alemã foi buscar no Golf VII, seu maior expoente hoje, a inspiração para mudar o Fox, mas exagerou na dose ao tornar o compacto uma espécie de mini-Golf.
Se os elementos alterados são belos, como os faróis com canhões retangulares e as lanternas que invadem a tampa do porta-malas, vesti-los na carroceria estreita e alta do Fox parece um tanto forçado.

O lado bom da mudança foi trazer equipamentos modernos para ele. O que mais chama a atenção é o sistema ativo de segurança que reúne meia dúzia de letrinhas mágicas (ESC, ASR, HHC e por aí vai). Em resumo, o Fox 2015 consegue controlar o comportamento do carro em curvas, pisos irregulares, saídas em declive e até iluminar a curva à noite para facilitar a vida do motorista.

Tudo lindo não fosse um detalhe. Eles são opcionais, como quase tudo de bom no Fox 2015.

Direção elétrica

A melhor notícia do Fox 2015 é que agora a Volks aderiu à direção elétrica em vez da hidráulica. Ela é item de série desde o Fox Trendline, que custa R$ 35.900. Elétrico também são os vidros dianteiros e as travas, assim como a sempre bem-vinda coluna de direção com ajuste de altura e profundidade ou outro ajuste, o de altura do banco do motorista.

À parte, o comprador do Fox Trendline precisará pedir até mesmo o aquecimento (R$ 500) ou ar (R$ 3 mil). Som com Bluetooth acrescenta R$ 1.300 no preço, mas é possível levar o único pacote disponível que reúne isso e mais outras comodidades por R$ 4.250. Nessa altura, nosso Fox Trendline já custa R$ 40.150. Ou seja, o modelo da Volks só traz o indispensável a partir de R$ 40 mil.

E os tão falados itens de segurança ativa? Somente no Highline 1.6 e parte deles é opcional. É a mesma situação do hipotético rival New Fiesta, da Ford, o que quer dizer que o Polo, por mais que a marca negue, já morreu.

Prazer de dirigir de série

O contato com o novo Fox 2015 foi menor do que o desejado. Andamos cerca de 200 km, a maior parte em estrada, mas logo de cara lembramos do prazer de dirigir um carro da Volks: direção com resposta precisa, câmbio de engates justos e relação empolgante. A posição de dirigir do Fox, no entanto, é excessivamente alta e o banco não recua tanto quanto uma pessoa com mais de 1,8 m gostaria.

O rádio opcional, que traz boas funções como Bluetooth e o mostrador com sensor de estacionamento, é bem melhor que o que equipa o Gol, por exemplo. A versão 1.6, com o sistema ativo de segurança, não pode ser desligada no painel em seu conjunto. Mesmo sem acionar o controle de tração, o ESC continua a atuar e ajudar a manter o carro na direção correta. Mas falaremos do Fox 1.6 Highline em outra oportunidade.

Macarronada

O Fox não é a resposta que esperávamos da Volkswagen. A marca alemã precisa de um novo hatch compacto capaz de atrair a atenção do público assim como fazem o Onix e o HB20. O up!, apesar de ser um projeto moderno, está num patamar diferente no mercado. Já o Gol envelheceu rápido e deve arcar com o crescimento das vendas do novo Fox, isso porque é mais negócio levar a novidade – mais moderna, espaçosa e, agora, até mais esportiva – que o hatch com visual já um tanto cansado. Mesmo que você tenha que “comer um macarrão que não esteja tão ao gosto do seu paladar”.

Fonte: IG

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