Trabalhadores rurais bloqueiam várias rodovias no interior de AL
As BRs 101 e 104 – em cinco municípios alagoanos – foram bloqueadas no início da manhã desta quinta-feira (7) por trabalhadores rurais acompanhados pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra.
Está sendo impedido o tráfego de veículos em Novo Lino, Joaquim Gomes, Flexeiras, Murici e Matriz dos Camaragibe. Os agricultores rurais protestam contra o cumprimento dos mandados de reintegração de posse e a ação ‘abusiva’ da Polícia Militar durante os despejos.
Para a direção nacional do MLST, as reintegrações de posse são frutos da falta de uma política de Reforma Agrária. Segundo o dirigente Josival Oliveira, nos últimos anos o Governo Federal não vem dando a devida atenção para a agricultura familiar.
O dirigente garantiu que o governo tem por prioridade o incentivo ao latifúndio exportador. “Enquanto o agronegócio recebe incentivo, os trabalhadores rurais não têm acesso à linha de crédito e as políticas públicas. Mas são incluídos nos programas federais. E não é isso que os camponeses querem, eles querem produzir os alimentos”, defendeu Oliveira.
Segundo Oliveira, as famílias acampadas há mais de dez anos, em áreas de conflito agrário, estão sendo despejadas para as margens das rodovias e para a periferia da capital. “Foram anunciados os despejos, rasgando assim os direitos destas famílias que são retiradas de suas casas pelo Bope e Cavalaria debaixo de balas de borracha e gás lacrimogêneo”, enfatizou.
O bloqueio da rodovia – ainda de acordo com Oliveira – foi a forma encontrada pelos camponeses para dizer que não aguentam mais a situação de descaso e abandono.
“Pedimos desculpa à população que é afetada, mas para chamar a atenção dos governos foi preciso essa ação. Não podemos calar enquanto a família que esta no campo sofre, não é o que queríamos, mas se o trabalhador rural continuar sendo tratado deste jeito, outros bloqueios irão ocorrer”, justificou, enfatizando que não há previsão para a desobstrução das rodovias.
NOTA DE REPÚDIO
A direção do Movimento de Libertação dos Sem Terra, em Alagoas, enviou ao governo do Estado e distribuiu entre a população uma nota de repúdio intitulado como “Nosso sentimento é de resistência, permaneceremos acampados”.
Nele, a direção chama a atenção para a atuação situação da Reforma Agrária no Estado e o descaso sofrido pelos trabalhadores rurais que estão sendo despejados para as margens das rodovias.
“Nosso sentimento é de resistência, permaneceremos acampados! É desumana a forma que estas famílias vêm sendo tratadas. É vergonhoso esconder-se nas desculpas burocrática (política/estatal) e simplesmente dizer que não tem recursos nem terra para que estas pessoas possam viver uma vida digna.”, diz o manifesto que pode ser lido no blog do MLST Alagoas.
