Assentados de Maragogi celebram 10 anos de sucesso de cooperativa

Ascom/IncraAssentados de Maragogi celebram 10 anos de sucesso de cooperativa

Assentados de Maragogi celebram 10 anos de sucesso de cooperativa

Trabalhadores assentados de Maragogi comemoraram, no último fim de semana, o aniversário de dez anos da Coopeagro, a Cooperativa dos Pequenos Agricultores Organizados, entidade que reúne famílias de 7 dos 18 assentamentos do município. A festa aconteceu na sede da cooperativa, na sexta-feira, e contou com a participação de assentados, lideranças locais e autoridades.

A superintendente do Incra, Lenilda Lima, esteve presente, participou das palestras e apresentações e visitou as instalações. Lenilda destacou a importância da cooperativa na vida dos assentados e no apoio à reforma agrária na região. “Defendemos e construímos uma reforma agrária que não se contenta em distribuir terras, mas em criar condições de desenvolvimento das famílias, com produção e comercialização; e, como parceira, a Coopeagro desempenha muito bem esse papel”, afirmou Lenilda.

A irmã Mirian Zendron, representante da Associação das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, incentivadora da cooperativa, apresentou dados que confirmam as melhorias obtidas pelos agricultores a partir da organização da entidade, que atualmente reúne 70 famílias de assentamentos do município. Representantes da Petrobrás, apoiadora de alguns projetos da cooperativa, da Conab, que adquire a maioria dos produtos através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), de empresários locais e de parlamentares compuseram a mesa da solenidade.

O secretário-geral da Coopeagro, Rivaldo Vasconcelos do Rego, lembrou as dificuldades encontradas pelos trabalhadores desde a fundação da Coopeagro e apontou as conquistas. “Sabemos que ainda falta muita conscientização dos agricultores para que essa cooperativa cresça e seja um caminho para o desenvolvimento, mas acreditamos no crescimento cuidadoso desse trabalho e na ampliação do número de associados”, enfatizou o agricultor de 42 anos, que vive de seu lote com a mulher e dois filhos.

BOM JESUS

O próprio Rivaldo reconhece que, no começo, ele mesmo e muitos de seus companheiros do assentamento Bom Jesus tiveram dificuldade em abraçar o cooperativismo. “Mas os exemplos e o incentivo das irmãs apareceram e, aos poucos, a gente foi entendendo e participando”, afirma.

O assentamento Bom Jesus é uma referência na produção de frutas na região. É de lá que vem a maioria dos produtos que abastecem a fábrica de polpa de frutas da cooperativa, que chega a exportar seus produtos para outros estados. Ele credita isso a algumas especificidades do assentamento. “Das 105 famílias, 87 vieram de uma região do estado com tradição em agricultura familiar e fruticultura, o Agreste; as casas foram construídas nos lotes, que ajuda no cultivo dos produtos; e mais de 70% das famílias vivem dos lotes e não precisam de complementação de renda na cidade”.

As 18 famílias assentadas que eram da própria região, de acordo com o líder cooperado, logo se sentiram incentivadas pela presença dos recém chegados e pelo apoio das religiosas. Esse processo se deu no final do século passado, no momento de criação do assentamento. O imóvel obtido pelo Incra abrigou dezenas de acampados que sofreram despejo nas proximidades de Arapiraca. “Dessa mistura – relembra o agricultor – nasceu uma união que deu certo”.

Rivaldo fala com tranquilidade quando explica que os dois filhos, Rivaldo Júnior, de 18 anos, e Rinelly, de 17, pretendem se manter na agricultura. O primeiro já se formou no curso técnico de agropecuária e a segunda está concluindo. Os dois participam ativamente no trabalho da cooperativa e ajudam sua família no lote até ganharem autonomia. “Não é fácil manter a juventude no campo; o que eu faço é provar para eles que tiro o sustento do lote; plantei 30 mil pés de abacaxi nesta safra e, junto com outros produtos, tenho renda suficiente para garantir o bem-estar da família”.

Assim como outros assentados de Bom Jesus, Rivaldo vai criando uma cultura de cooperativismo que aponta um caminho viável para a reforma agrária. O município com o maior número de assentamentos da reforma agrária no estado solidificou sua história na monocultura da cana-de-açúcar. Ao analisar a situação da reforma agrária na região, Lenilda Lima reconhece que “o perfil desse assentado não é o de agricultor, mas de assalariado do campo”. A superintendente propõe investimentos em assistência técnica, a exemplo da chamada pública que está sendo preparada pelo Incra para a região.

O exemplo da família de Rivaldo ultrapassa a questão agrária e tem repercussões culturais na vida da comunidade. Aproveitando a força da cultura de graviola, carro-chefe da fábrica de polpa, sua mulher é responsável pelo beneficiamento da pasta da graviola, oriunda do fruto que não atinge padrões estéticos de comercialização in natura, mas é utilizado para a polpa. “É o trabalho dela, que gera renda para ela, sem que dependa de mim para nada; essa autonomia financeira é um exemplo que poderia ser seguido por outros, mas sei que isso tem que ser conquistado aos poucos”, afirma o agricultor.

Fonte: Ascom/Incra

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