‘Meu sofrimento começou aos 4 anos’, diz músico que matou o pai

Com a garantia de que câmeras e microfones estariam desligados, o músico relatou, segundo ele pela primeira vez, as motivações para o crime de repercussão, do qual se disse arrependido.

Vanessa Alencar/Alagoas24horasJackson Willams Felix Gomes da Silva

Jackson Willams Felix Gomes da Silva

O reeducando Jackson Willams Felix Gomes da Silva, 19 anos, réu confesso do assassinato do pai, o músico Antônio Jorge, ocorrido em fevereiro de 2011, conversou com alguns jornalistas na tarde desta terça-feira, 3, na Central de Polícia Civil, para onde foi levado após ser flagrado com um tablet e um modem de internet dentro de sua cela, no Presídio Cyridião Durval.

Com a garantia de que câmeras e microfones estariam desligados, o músico relatou, segundo ele pela primeira vez, as motivações para o crime de repercussão, do qual se disse arrependido.

Sobre o dia do assassinato, Jackson voltou a afirmar que agiu sozinho e que reagiu a um acúmulo de agressões paternas que começou quando ele ainda era criança. “Meu sofrimento começou aos quatro anos. Estou arrependido do que fiz, foi um momento e lá dentro (no presídio) tenho que pensar nisso o tempo todo”, contou, emocionado.

Segundo ele, no dia do homicídio Antônio Jorge saiu de casa armado com o objetivo de matar um homem que tinha comprado dois instrumentos a ele e ainda não tinha pago. “Ele não encontrou o homem e voltou com raiva. Apanhei mais de uma vez neste dia, em uma delas quando estava tomando banho. Foi quando, pela primeira vez, reagi”, relatou, contando que efetuou dois disparos contra o pai, com a arma que a vítima possuía há cerca de dez anos.

“Eu tinha medo de dormir com a porta aberta”, desabafou, explicando que, apesar do sofrimento, nunca deixou de morar com o músico porque ele ameaçava matar a mãe caso o filho saísse de casa. “Ele batia muito na minha mãe quando eles estavam juntos e já a ameaçou de morte na porta do colégio que eu estudava, no Trapiche, quando eu tinha uns dez anos de idade. Eu nunca pude ter amigos, nem namorar. Minha vida era trabalhar e estudar”, contou, afirmando que, além de estudante, trabalhava como pedreiro, eletricista, músico e ainda cuidava da casa.

Em vários momentos, o jovem voltou a afirmar que era constantemente agredido e humilhado pelo pai, e que, por conta disso, já havia sofrido até de depressão: “Não quero justificar o que eu fiz, porque nada justifica, tanto que estou arrependido. Agi pelo momento que foi a gota d´água, mas não sou um bandido”.

Jackson se queixou de ter sido tratado como monstro pela imprensa, que não se preocupou em ouvir sua versão para o homicídio. “Ninguém sabe o que eu vivi, o que eu passei. Eu não bebo, não fumo e não uso drogas. Nunca fui bandido e todo mundo que me conhece sabe disso. Agora, estou preso, respondendo por homicídio e ocultação de cadáver, mas, um dia quero recuperar minha vida”.

Antes de concluir a conversa, Jackson disse que está tendo oportunidades de recomeçar a vida dentro do Sistema Prisional, onde montou um coral e ensina música para os reeducandos, mas reclamou da demora em ser ouvido. “Estou há oito meses preso e ainda nem fui ouvido sobre o crime”, finalizou.

Prisão

Jackson foi preso após matar o pai, o músico Antônio Jorge, em 11 de fevereiro de 2011. Após o crime, o acusado enterrou a vítima na área externa de sua casa.

Em depoimento, Jackson alegou ter cometido o crime por não aguentar mais as violências físicas causadas pelo pai. Ele chegou a dizer em depoimento a delegada responsável pelo caso, Maria Aparecida Araújo, que Antônio Jorge era muito rígido e costumava bater nele constantemente.

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