Secretário da ONU nega lentidão e acredita em ‘bom resultado’

Mauro Pimentel/TerraO secretário geral da ONU para a Rio 20, o chinês Sha Zukang,se encontrou com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes

O secretário geral da ONU para a Rio 20, o chinês Sha Zukang,se encontrou com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes

O secretário geral da ONU para a Rio+20, o chinês Sha Zukang, afirmou neste domingo (17) que as negociações envolvendo a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável "estão indo muito bem, e que todos nós estamos em boas mãos neste evento que está sendo organizado pelo Brasil".

"Eu estou bastante confiante de que teremos um bom resultado e que todos os líderes envolvidos vão poder assinar o documento final. A Rio+20 é mais uma importante marca histórica", completou o dirigente da ONU, no evento de reinauguração do Monumento da Paz, no centro da cidade, que foi restaurado pela prefeitura do Rio, com o apoio da comunidade Bahá´í, religião mundial independente bastante difundida no mundo.

O documento final da conferência ainda é uma incógnita, mesmo com o Brasil tendo assumido à frente da questão. O C-40 (Climate Leadership Group), que reúne prefeitos das 58 maiores metrópoles do mundo, por exemplo, já estabeleceu meta de redução de emissão de gases do efeito estufa em cerca de 20%, a ser anunciado oficialmente em evento na próxima terça-feira.

Enquanto a Rio+20, que teve início na última quarta-feira, ainda engatinha para uma resolução definitiva, os gestores das cidades que respondem por cerca de 20% do PIB mundial, como Shangai, Pequim, Moscou, Londres, Paris, São Paulo e Rio de Janeiro, cidades que juntas têm cerca de 350 milhões de habitantes, prometem anunciar medidas mais efetivas. Ao todo, mais de quatro mil iniciativas já foram listadas pelo grupo formado em 2005.

"São processos paralelos, não há uma disputa. A tomada de decisão entre 50 cidades do mundo é algo muito mais simples do que a conferência como um todo. Só vamos mostrar que os prefeitos também estão preparados para este novo conceito global", afirmou o prefeito Eduardo Paes, também presente no lançamento do Monumento da Paz.

7 bilhões de pessoas

Sha Zukang comentou também sobre outro grande desafio em termos de sustentabilidade, que envolve a conferência da ONU: com a população mundial já na casa dos sete bilhões, como fazer com que os recursos naturais do planeta sejam suficientes para uma divisão racional e igualitária?

"Entre 193 países membros da ONU, eu não acho que exista uma visão unânime de como ajustar essa questão entre diferentes culturas, religiões e crenças, mas nós todos concordamos que o crescimento da população, e com a diminuição dos recursos naturais, nós devemos fazer algo", reconhece o secretário geral da ONU para a Rio+20.

"Temos que seguir o que estamos fazendo por aqui, trabalhando fortemente na economia verde, fazendo com que as economias em desenvolvimento protejam o meio ambiente, ao mesmo tempo em que devemos levar em conta a questão da inclusão social para estabelecermos uma igualdade entre todos os povos", completou.

Monumento da Paz

Criado pelo artista plástico Siron Franco na ocasião da Eco-92, o Monumento à Paz reúne amostrar do solo de 108 países, concentradas em forma de ampulheta, com menções à paz mundial entre os povos. Encontrava-se, até o início da Rio+20, em processo de degradação, com ferros de sustentação à mostra, e os granitos em volta totalmente danificados.

Com tudo devidamente restaurado, a peça artística de cinco metros de altura e 50 toneladas de peso, enfim, serviu como um túnel do tempo para a advogada Inaê Pinheiro. Em 1992, com apenas cinco anos de idade, ela foi uma das que ajudaram a colocar as amostras de areia de todos os continentes do mundo.

"Acho que as pessoas têm capacidade de mudar o mundo com pequenos hábitos, com pequenas ações, e essa restauração é uma delas. A paz é extremamente necessária e o mundo precisa disso. É um momento que me engrandece muito, estou muito feliz de poder estar aqui, 20 anos depois, já como advogada formada, e saber que eu fiz parte disso", afirmou Inaê, que ao lado do secretário da ONU e do prefeito Eduardo Paes também ajudou a plantar uma muda de Pau Brasil no jardim em frente ao monumento.

Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Terra

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