No adeus ao Inter, Fernandão chora e não esconde mágoa: ‘Fiquei amigo de quem não merecia’

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Um dos grandes ídolos da história do Internacional, Fernandão se despediu nesta terça-feira após ser demitido do cargo de técnico. O ex-atacante não escondeu que teve problemas com alguns jogadores, mas evitou apontar os incidentes e disse que a diretoria é quem deve tais explicações. Além disso, chorou por quase três minutos quando agradeceu o volante Ygor pela ajuda na partida contra o Atlético-MG.

"A direção achou por bem mudar nesse momento, final de temporada, me colocaram os motivos. Dentro do que o Luciano (Davi, vice de futebol) me falou, eu acatei, obviamente. Foi convincente e sincero no que me disse. Tomaram a decisão certa para o que querem com o Internacional", começou Fernandão.

Questionado se um possível boicote dos jogadores para o clássico Gre-Nal teria sido o motivo de sua demissão, o treinador despistou. "Isso quem tem que dar (explicação) é a direção, se é por isso que eles me dispensaram. Ele (Luciano) foi convicente no que me disse. Não sou eu que vou passar os motivos, ele que tem que falar", afirmou o capitão da Libertadores e do Mundial de 2006.

"Eu acho uma baita oportunidade para tudo, mas uma coisa que aprendi ontem: no futebol, você não pode falar a verdade. Não vou mentir, mas vou omitir. Vou me guardar o direito de ficar calado, quem tem que dar os motivos não sou eu. Eu só tenho a agradecer a torcida do Inter. Várias coisas ocorreram, aprendi bastante, não me arrependo de nada do que falei".

"Aceitei assumir o cargo sabendo de problemas que existiam. Não gosto de inventar desculpas. Em um determinado momento, perdi a linha de conduta, e isso prejudicou os resultados", analisou.
Fernandão teve dois incidentes públicos que o desgastaram: após uma derrota para o Sport, afirmou que os jogadores estavam na "zona de conforto"; e depois de perder para o Corinthians no último fim de semana, revelou que Bolívar se recusou a ficar no banco de reservas (o zagueiro negou).

O ex-técnico colorado não vê o caso contra o Sport como o momento-chave para o início dos problemas. "Talvez o meu grande erro não foi ali, foi depois. Eu deveria ter tomado algumas atitudes que acabei não tomando, fiquei amigo de quem não merecia. Agi como amigo em um momento que não deveria ter agido assim. Acabei me perdendo um pouco por culpa disso", disparou.

"Muitos podem estar pensando ‘Ah, derrubei o Dorival (Júnior, quando era diretor de futebol)’. Eles (diretoria) sabem da verdade, o quanto eu relutei para assumir o cargo".

Ele não escondeu a emoção quando falou de alguns atletas, em especial o volante Ygor. "Vou agradecer os jogadores também, porque independente das coisas, correram por mim. Em especial vou agradecer ao Ygor (emocionado)… Porque o Ygor… Acho que não vou conseguir falar… (choro) Sei que às vezes é difícil, mas ele me deu uma demonstração muito grande (de apoio) contra o Atlético-MG… Estávamos sem zagueiros, e ele se colocou à disposição. Me disse: ‘Fernandão, não te preocupa, me coloca ali’. Pedi a outro jogador para fazer, mas ele me disse não. Nem estava pensando nele. E o Atlético, naquele momento, estava chegando, buscando o Fluminense… Aquele foi meu grande jogo aqui. Também agradeço ao Índio, ao Muriel", continuou.

Fernandão afirmou que contará ao próximo técnico do Inter sobre os problemas do clube, mas apenas se for perguntado quanto a isso. "Se me ligarem, eu vou falar. Se não, não falo. Não vou falar nada de mais. Sobre o vestiário do Inter, você tem que perguntar a direção. Depois começaram a querer usar algumas frases para jogar na cara. Você é verdadeiro, sincero, fala a verdade, mas aí tem alguns que ficam sentados no ar-condicionado, que não sabem o dia-a-dia. Alguns outros só querem causar polêmica", criticou o ex-capitão.

"Treinador vai sempre cair. No Brasil, não tem treinador que fique 10 anos em um clube. Infelizmente, nesse sentido, faltou a experiência no episodio que disse a vocês. O próximo treinador vai chegar com projeto, sabendo das situações. Não digo que o Inter precise de mudanças só com relação a vestiário, mas a tudo, na mentalidade. Acabei fraquejando também, por não fazer algumas dessas mudanças".

"A diretoria já sabe do ocorrido. Você vai aprendendo, ontem foi mais uma lição (episódio com Bolívar). No futebol, tudo é mais intenso. Você acaba aprendendo com os próprios erros", falou.

Fonte: ESPN

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