Brasil confirma Mal da Vaca Louca, mas aponta ‘risco insignificante’

País reconheceu morte de vaca com mutação espontânea do agente que provoca a doença, mas garante que animal não morreu em função da enfermidade.

O governo brasileiro confirmou nesta sexta-feira (7) o primeiro registro no País do príon – agente infeccioso formado por proteínas que causam encefalopatias (doenças cerebrais), conforme revelou o iG.

As autoridades sanitárias, contudo, afirmaram que não houve morte de animais em decorrência da doença. “Não foi achada a doença no Brasil. Foi encontrada uma proteína que poderia gerar a doença. Entendemos que se trata de um caso raro, não clássico. O País segue sem incidência de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina, nome científico do Mal da Vaca Louca)”, o diretor de saúde animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MPA), Guilherme Henrique Marques.

Mal da Vaca Louca é nova polêmica no Brasil
O causador do Mal da Vaca Louca, doença neurológica que causa morte de gado, foi encontrado em uma vaca morta em novembro de 2010 na cidade de Sertanópolis, região norte do Paraná, município na região metropolitana de Londrina.

O MPA afasta o risco de contaminação por consumo de ração animal pela vaca, morta com 13 anos, inicialmente, devido à elevada idade. O Mal da Vaca Louca se contraí a partir do consumo de ração produzida com farinha de osso animal, geralmente utilizada para completar a alimentação em causos de propriedades com pouco pasto.

O ministério afirma em nota técnica que o animal morto há dois anos era criado no “sistema de criação a pasto”, afastando assim o risco de contaminação por farinha de osso. “Foram feitos dezenas de milhares de exames e a doença não foi encontrada no animal. Isso comprova que foi um achado não clássico. O fato de o animal ter morrido e sido enterrado na fazenda não compromete o sistema brasileiro”, afirma o diretor.

Segundo Marques, o animal desenvolveu o agente por “mutação espontânea”. “Pelos elementos epistemológicos que temos tudo leva a crer que estamos tratando de uma mutação espontânea”, diz.

A demora na divulgação do caso paranaense, segundo o Ministério da Agricultura, se deveu ao cumprimento do protocolo internacional firmado com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês).

O animal foi encontrado caído no pasto, segundo relatos colhidos pela investigação do ministério, e morreu cerca de 24 horas depois. “Foi uma morte agudíssima, o que não combina com a doença (Vaca Louca), que se caracteriza por um quadro crônico que leva semana, meses até o óbito”, diz Marques.

O primeiro teste feito realizado no animal para identificar raiva, doença incidente na região onde o animal foi encontrado morto. Em seguida foram realizados testes isopatológicos e químico a partir do tronco cerebral retirada pela equipe veterinária do MPA.

A constatação do Mal da Vaca Louca foi realizada na Inglaterra pelo laboratório Animal Health and Veterinary Laboratories Agency, especializado no tema após a epidemia da doença na Europa no início dos anos 2000, levando ao sacrifício de mais de 180 mil cabeças de gado.

O relatório da agência inglesa será oficialmente à Organização Mundial de Saúde Animal ainda hoje, como prevê o protocolo internacional, que determina envio em 24 horas.

O governo assegura que apesar do identificação do príon pela primeira vez no gado brasileiro, o País mantém a classificação de “risco insignificante” da doença. A nota foi confirmada pela OIE em ofício enviado ao Ministério da Agricultura hoje pela manhã.

Fonte: iG

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