‘Vilela é meu candidato ao Governo’, afirma Benedito de Lira

Alagoas24horas

Auditório lotado no anúncio do apoio do PP à base governista

Fim do mistério que rondava o PP e seu futuro no cenário político estadual. O que todo mundo já sabia – por conta das conversas de bastidores – foi confirmado pelo presidente estadual do PP, o deputado federal Benedito de Lira, e pelo governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB). O Partido Progressista – que antes dialogava com a oposição – agora é um dos mais fortes aliados dos palacianos.

Benedito de Lira foi tão explícito na aliança que fez até o que os tucanos não haviam feito até o presente momento por cautela: anunciou a candidatura de Teotonio Vilela Filho à reeleição. “Teotonio Vilela é meu candidato ao Governo do Estado”, frisou o deputado federal. Ao justificar a mudança, Benedito de Lira argumentou: “temos que pensar mais em Alagoas, que nos interessa mais que as questões individuais”.

O deputado federal será pré-candidato ao Senado, neste ano. De acordo com Vilela, é uma das candidaturas majoritárias já definida que tem o apoio do Palácio República dos Palmares. O nome do segundo senador é José Costa (PPS). Porém, segundo o governador, a candidatura de Benedito de Lira está “confirmada”, mas a de Costa ainda depende da conjuntura, já que há outros partidos – além do PPS – envolvidos na aliança.

Costa foi lançado por sua agremiação e provavelmente deve ocupar esta segunda vaga de candidatura ao Senado Federal, dentro da coligação. O governador fez elogios ao candidato do PPS e disse que sua história como ex-deputado federal só orgulha o Estado, mas só garantiu o compromisso com Lira.

Aliança

Ao falar da aliança firmada “oficialmente” no dia de hoje, 29, em uma coletiva à imprensa, Benedito de Lira ressaltou que a decisão não foi pessoal, mas da base partidária, incluindo 21 prefeituras do PP espalhadas pelo Estado de Alagoas. A única exceção é do prefeito Cícero Almeida (PP), que segundo Benedito de Lira ainda continua apoiando o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), que é candidato ao Governo do Estado pela oposição.

“A decisão foi democrática e tomada pela base do partido. As razões para estarmos tomando esta decisão é a confiança de que este é o melhor projeto para o Estado de Alagoas. Nosso Estado precisa de unidade, independente dos interesses individuais. O governo atual ajustou o Estado, colocou no caminho da prosperidade e recuperou a credibilidade”, frisou Benedito de Lira. “Alagoas é o melhor pedaço de terra do Nordeste, só precisa de alguém que cuide dele”, frisou.

Indagado se estaria “traindo o grupo adversário”, ao apoiar Vilela, Benedito de Lira ressaltou que “não”. “O PP nunca teve compromisso com o ex-governador Ronaldo Lessa, por quem tenho um grande respeito. Nosso compromisso era com uma candidatura de Cícero Almeida ao Governo do Estado. Como o prefeito desistiu, o PP se recolheu e foi pensar o que seria melhor para o Estado. A base decidiu que o melhor é esta aliança”, frisou.

Benedito de Lira negou que tivesse dado apoio a Ronaldo Lessa em algum momento e disse ainda que nunca pediu que o ex-governador encabeçasse a chapa de oposição. Para Benedito de Lira, o PP agiu de forma coerente e sua aliança com Vilela recebe, inclusive, o apoio do PP nacional, que para presidente vota na candidata de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-ministra Dilma Rousseff (PT).

“Continuo na base do Governo Lula. A aliança é local”, colocou. A mesma afirmação foi feita por Vilela. “Esta aproximação trata do projeto local para Alagoas e do ciclo de desenvolvimento que iniciamos. Nacionalmente, o Benedito de Lira tem a aliança com a base do governo Lula e eu voto em José Serra (pré-candidato tucano à Presidência da República)”, colocou o governador.

Vilela disse ainda que a aliança com Lira já acontecia há muito tempo, devido ao trabalho do deputado federal “na atração de recursos para o Estado”. “O Benedito de Lira chegou de corpo, mas já estava aqui com a alma e o trabalho”, frisou.

Renan e o barco

O governador de Alagoas ressaltou ainda que Benedito de Lira escolheu ficar do lado de um barco que navega “com bons ventos e vela cheia”. “Este barco já passou por dificuldades, tempestades e turbulências. Alguns acharam que era o caminho errado, mas nosso compromisso nunca foi com o aplauso fácil. Nosso objetivo era arrumar o Estado, que ficou anos à margem do Brasil, um atraso imenso. Alguns pularam fora do barco por isto”.

Indagado se entre estes “alguns” que pularam do barco estaria o senador Renan Calheiros (PMDB), que era aliado do próprio Vilela, o governador rebateu: “todos aqui sabem quem pulou do nosso barco. Todos sabem”.

Proporcionais

Ao passo que o PP amplia o leque das alianças nas chapas democráticas, abre também uma discussão para as proporcionais entre os palacianos. O leque envolve ainda o PPS, PSB, PSC e o próprio PSDB. Agora, aumentam as preocupações com os cálculos matemáticos para eleger deputados estaduais e federais. O PP, por exemplo, traz a candidatura de Arthur Lira para a Câmara Federal.

“Esta questão das proporcionais é um processo. Estamos trabalhando uma aliança macro, que constitui as majoritárias. Nas proporcionais reconhecemos que há divergências, mas vamos chegar a um bom termo e abrigar todo mundo dentro do mesmo objetivo. Eu tenho certeza que apararemos estas arestas. Não sou criança e esta é a sexta eleição que participo, sei que as alianças vão terminar bem”, colocou Vilela.

Cícero Almeida

Benedito de Lira foi indagado sobre a postura do prefeito Cícero Almeida de apoiar o bloco adversário e contrariar os outros prefeitos do partido. Questionado sobre “fidelidade partidária”, Lira disse que “não será feita caça à bruxa”. “O Cícero Almeida ficou bem à vontade. O partido continuará trabalhando pelo prefeito que tem feito uma boa administração”.

Lira negou que a aliança tenha provocado atritos com Renan Calheiros, Ronaldo Lessa ou o próprio Cícero Almeida. “Não tive atritos com ninguém. Faço política com juízo”, destacou ainda o pré-candidato ao Senado Federal.

Cargos

Por fim, Benedito de Lira foi indagado sobre negociação de cargos para fechar a aliança. O deputado federal negou que tenha negociado qualquer pasta, incluindo o Departamento de Trânsito, como chegou a ser noticiado. “Não negociamos cargos, estamos unidos por conta de um projeto”, destacou.

Vilela ressaltou, entretanto, que como parceiro o PP não está proibido de ter cargo no Governo do Estado, pois “possui pessoas competentes dentro de seus quadros”. “É assim que agimos, onde há alguém que possa contribuir com este governo, nós vamos chamar para nos ajudar”, finalizou.